CPI: 'Interromper vacina de adolescentes é confissão de crime'

Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) criticou neste sábado (18) a decisão do governo Jair Bolsonaro de suspender a vacinação de adolescentes sem comorbidades de 12 a 17 anos. Segundo o parlamentar, o governo usou "argumentos mentirosos".
“Interromper a vacinação de adolescentes com argumentos mentirosos é confissão de crime do Bolsonaro”, escreveu Calheiros em rede social. “Como sempre disse: Queiroga é também um fracasso, um Pazuello de jaleco”, completou, referindo-se ao fato de o ex-ministro Eduardo Pazuello ser um general do Exército e o atual ministro, um médico.
A suspensão da vacinação foi anunciada pelo ministro Marcelo Queiroga na quinta-feira (17). Como justificativa, o ministro usou a notícia da morte de um jovem em São Paulo que se imunizou com dose da Pfizer. No entanto, na sexta-feira, se confirmou que não havia qualquer relação do óbito com o imunizante.
A decisão, na verdade, foi tomada após uma conversa do ministro com o presidente Jair Bolsonaro. Na transmissão de sua live semanal, Bolsonaro disse que essas conversas com Queiroga não são uma imposição, mas sim um “sentimento” dele sobre “o que vê e lê”. Bolsonaro declarou: “A minha conversa com o Queiroga não é uma imposição, eu levo para ele o meu sentimento, o que eu leio, o que eu vejo, o que chega ao meu conhecimento”.
A decisão, entretanto, não passou pelas equipes de especialistas do Programa Nacional de Imunização e da Câmara Técnica do Ministério da Saúde. Os conselhos de secretários de saúde estaduais e municipais também não foram consultados.
Apesar da decisão do governo de suspender a vacinação de adolescentes sem comorbidades, 16 estados e o Distrito Federal não seguiram a orientação e mantiveram a imunização.