CPI lista 26 políticos que espalharam fakenews sobre covid

Vinte e seis políticos integram a lista de parlamentares que disseminaram desinformação sobre a covid-19 desde o início da pandemia do coronavírus. A relação foi elaborada pela CPI da Covid e divulgada nesta quarta-feira (21) pelo portal Congresso em Foco.
A lista foi produzida por 41 voluntários, reunidos pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), para atuarem na checagem de informações publicadas por parlamentares nas redes sociais. O objetivo é verificar as responsabilidades de cada um na disseminação de ideias falsas ou distorcidas sobre a pandemia. A lista possui ministros do governo Bolsonaro, deputados e senadores, além do próprio presidente da República. Quatro são de oposição.
Na avaliação da comissão, as opiniões desses políticos, como pessoas públicas, com credibilidade junto à parte da sociedade, acabam tendo forte importância na formação de conceitos que podem ter dificultado o combate à doença no país.
Além da lista de políticos, a comissão investiga a origem de 68 perfis na internet, com milhares de seguidores, que espalharam, dentre outras, notícias amedrontadoras sobre vacinas e outras notícias falsas para influenciar pessoas a não se vacinarem. Esses perfis a comissão ainda mantém sob sigilo, porque muitos têm a autoria anônima.
Lista tem Jair Bolsonaro e 'ministro paralelo'
Os técnicos da CPI da Covid notaram que há grande coincidência nos nomes que aparecem nas investigações da comissão e na lista dos atos antidemocráticos investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entre eles, o presidente Bolsonaro (sem partido), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que está preso, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) e o deputado Osmar Terra (MDB-RS).
O levantamento feito pela CPI mostra especialmente a força da atuação de Osmar Terra, uma espécie de ministro da Saúde paralelo. De longe, ele é o político com maior presença na lista e o que divulgou mais informações consideradas falsas ou distorcidas. Ele defende o uso de medicamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina, critica o isolamento social, defende a tese da imunidade de rebanho e distorce dados sobre a doença.
Osmar Terra inclusive foi um dos primeiros a pregar contra a quarentena e defender que metade da população brasileira viesse a ser infectada pelo novo coronavírus - a chamada imunidade de rebanho, também defendida subliminarmente por Bolsonaro. O deputado dizia que, quando isso acontecesse, todos teriam anticorpos e 99% ficariam assintomáticos. E assegurava que só assim o contágio da covid-19 iria se reduzir. Fora isso, escreveu ele numa rede social, “o coronavírus seguirá na sua trajetória com quarentena ou não”.
Já o deputado Daniel Silveira, outro bolsonarista, chamou a pandemia da covid-19 de chegada da “bio-era”, um tempo em que as armas convencionais são substituídas por armas biológicas, como o coronavírus que, segundo ele, foi construído em laboratório “para atrapalhar e interferir nas eleições americanas”.
A lista cita também alguns políticos de oposição ao governo, como as deputadas Gleisi Hoffmann (PT-PR), Erika Kokay (PT-DF) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ). Confira a lista completa de políticos:
Alê Silva (PSL-RJ), Aline Sleutjes (PSL-PR), Bia Kicis (PSL-DF), Capitão Derrite (PP-SP), Carla Zambelli (PSL-SP), Carlos Jordy (PSL-RJ), Caroline de Toni (PSL-SC), Coronel Tadeu (PSL-SP), Daniel Silveira (PSL-RJ), Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Erika Kokay (PT-DF), Fábio Faria (ministro das Comunicações), Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Hélio Lopes (PSL-RJ), Jair Bolsonaro (presidente da República), Luiz Philipe de Orleans e Bragança (PSL-RJ), Marcelo Freixo (PSB-RJ), Marcelo Álvaro Antônio (ministro do Turismo), Marcio Labre (PSL-RJ), Marco Feliciano (PSC-SP), Onyx Lorenzoni (ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência), Osmar Terra (MDB-RS), Paulo Eduardo Martins (PSC-SP), Sâmia Bomfim (PSL-SP) e Vitor Hugo (PSL-GO).