top of page

CPI quebra sigilo de motoboy que sacou R$ 4 milhões


O motoboy Ivanildo Gonçalves depõe na CPI da Covid, no Senado (Foto: Roque Sá/Agência Senado)

O motoboy Ivanildo Gonçalves confirmou, em depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (1º), que realizava saques e pagamentos em dinheiro para a VTCLog, empresa suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção no Ministério da Saúde. Ivanildo disse ainda que esteve nas dependências do Ministério da Saúde várias vezes, mas afirmou que se tratava da sua atividade de entregar boletos de pagamentos. Os senadores decidiram aprovar a quebra dos sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático do motoboy, além de pedir à Justiça a apreensão do celular dele e convocar a funcionária da VTCLog Zenaide Sá Reis, que lhe mandava fazer saques e pagar boletos.

"Quando eu realizava o serviço de entregar faturas, eu andava constantemente no Ministério da Saúde. Eu não conhecia ninguém. Eu ia em salas entregar faturas, de setores em setores […]. Não cheguei a entregar dinheiro nas mãos para ninguém. Eu pagava os boletos, às vezes fazia depósitos", afirmou o motoboy.

O maior valor retirado de uma vez só, conforme o depoimento de Ivanildo Gonçalves, foi de "quatrocentos e pouco mil reais" na agência da Caixa, no aeroporto de Brasília.

O nome do motoboy apareceu em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), que identificou R$ 4 milhões em saques em espécie para a VTCLog. A empresa, que pertence ao grupo Voetur, é investigada pela CPI por supostas irregularidades em contratos com o Ministério da Saúde.

Para o senador Otto Alencar (PSD-BA), os saques, os pagamentos e os serviços bancários feitas pelo motoboy revelam movimentações típicas de esquema de pagamentos de propina, "para fins que não são justos, corretos e republicanos". Segundo ele, a empresa VTCLog cometia fraudes e tinha facilidades no Ministério da Saúde. 

O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) anunciou a inclusão de nove nomes na lista de investigados, entre eles o do ministro da Previdência e Trabalho, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), do deputado Osmar Terra (MDB-RS) e do empresário Luciano Hang, dono da Havan. O relator afirmou que pretende entregar o relatório final da CPI ainda em setembro.

Trabalhador

A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) lembrou que Ivanildo é um trabalhador da iniciativa privada e que cumpria ordens, situação diferente de um servidor público cumprindo ordem manifestamente ilegal. Ela também pediu proteção à testemunha. A senadora é integrante da base aliada do presidente Jair Bolsonaro, e disse recentemente que "quem é corrupto está nadando de braçada" no Brasil atualmente. A parlamentar se referia aos supostos esquemas de corrupção durante a pandemia.

Aditivo e chantagem

De acordo com senador Rogério Carvalho (PT-SE), o sócio da VTCLog Carlos Alberto Sá se utilizava de tráfico de influência para conseguir benefícios para empresa. Segundo o senador, o aditivo de R$ 18 milhões no contrato da VTCLog com o Ministério da Saúde, assinado por Roberto Dias, ex-diretor de Logística da pasta, foi obtido através de contato com o empresário Flávio de Souza. Rogério Carvalho afirmou que Souza se utilizou de “chantagem” junto a lideranças do PP e que possuem força no governo federal para se chegar a assinatura do aditivo.

Kajuru: depoente foi orientado sobre o que dizer na CPI

Em resposta ao senador Jorge Kajuru (Podemos-GO), o motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva se negou a jurar pelos filhos e disse estar seguro de que está falando a verdade no seu depoimento. Kajuru disse que é precipitado considerar que tudo que Ivanildo disse na CPI é verdade. O senador ainda afirmou achar que o depoente foi orientado por advogados e seus superiores sobre o que responder na CPI.


Com informações da Agência Senado

bottom of page