CPI: Saúde é um 'puxadinho do Palácio do Planalto'

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou nesta quinta-feira (3) que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, não consegue estabelecer diálogo livre com o governo federal e que suas recomendações são ignoradas, e ele "discursa para o deserto". Segundo Aziz, o Ministério da Saúde acabou virando um "puxadinho do Palácio do Planalto".
"Ele [Queiroga] fala, mas ninguém ouve. O governo não ouve o ministro. Isso tem acontecido até na montagem da equipe dele. Ele tenta levar uma profissional preparada, formada nessa área e ela [Luana Araújo] nos diz lá [na CPI] que não tem ninguém desta área no ministério hoje, da área de infectologia", disse Aziz.
Ao se referir a Luana Araújo, o presidente da CPI quis ilustrar um caso que demonstra o fato de o governo não dar ouvido a especialistas na área da saúde, já que Araújo foi demitida dez dias após sua nomeação no Ministério da Saúde.
"É muito complicado para o ministro tocar aquilo que é necessário para o Brasil", afirmou o senador do Amazonas.
O parlamentar ainda rechaçou as críticas que têm sofrido de que estaria torcendo contra o governo do presidente, Jair Bolsonaro.
"Eu queria tanto que o presidente, ao invés de fazer brincadeiras naquele cercadinho, ofender jornalista, ofender político, ofender todo mundo, que ele dissesse que comprou 50 milhões de vacinas", afirmou o presidente da CPI.
Pronunciamento de Bolsonaro: 'atraso fatal e doloroso'
O comando da Comissão Parlamentar de Inquérito soltou nota oficial na noite desta quarta-feira (2) após o pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro. Ele afirmou em rede nacional de rádio e televisão que todos os brasileiros que desejarem serão vacinados até o fim do ano contra a covid-19. Para integrantes da CPI, o anúncio veio com "atraso fatal e doloroso".
Veja a íntegra da nota:
"NOTA PÚBLICA
A inflexão do Presidente da República celebrando vacinas contra a Covid-19 vem com um atraso fatal e doloroso. O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando inaugurou-se o negacionismo minimizando a doença, qualificando-a de ‘gripezinha’. Um atraso de 432 dias e a morte de quase 470 mil brasileiros, desumano e indefensável.
A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer no meio do ano passado, quando o governo deixou de comprar 130 milhões de doses, suficientes para metade da população brasileira. Optou-se por desqualificar vacinas, sabotar a ciência, estimular aglomerações, conspirar contra o isolamento e prescrever medicamentos ineficazes para a Covid-19.
A reação é consequência do trabalho desta CPI e da pressão da sociedade brasileira que ocupou as ruas contra o obscurantismo. Embora sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais. A CPI volta a lamentar a perda de tantas vidas e dores que poderiam ter sido evitadas.
Omar Aziz- Presidente CPI
Randolfe Rodrigues – Vice Presidente CPI
Renan Calheiros – Relator
Em apoio
membros efetivos:
Tasso Jereissati
Otto Alencar
Humberto Costa
Eduardo Braga
Suplentes:
Alessandro Vieira
Rogério Carvalho"