Dallagnol deixa Lava-jato após prescrição de denúncia

A Lava Jato de Curitiba anunciou oficialmente nesta terça-feira (1º) a saída do procurador Deltan Dallagnol da coordenação da força-tarefa. O desligamento ocorre logo uma semana depois de o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) ter decidido pela prescrição e pelo arquivamento de um processo contra ele, feito pela defesa do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.
Em uma nota, a Lava Jato diz que "após 6 anos à frente da Lava Jato no Paraná", Dallagnol se desligou da força-tarefa "para se dedicar a questões de saúde em sua família".
Já o procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, que vinha numa ofensiva contra a Lava Jato para impor uma "correção de rumos" com um novo modelo de investigação, sem atos "personalistas" nem "caixas pretas", minimizou a saída de Dallagnol. De acordo com a colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Aras disse que nunca teve "problemas com Deltan Dallagnol, de nenhuma natureza. Nem ele comigo. Nunca tivemos uma conversa ríspida".
Segundo informação da CNN Brasil, Augusto Aras agora vai discutir o futuro da força-tarefa da Lava Jato no Paraná em reunião extraordinária do Conselho Superior do Ministério Público.
A livração de Dallagnol
O processo contra Dallagnol que o CNMP decidiu arquivar na semana passada se refere ao PowerPoint apresentado por ele em 2016 para explicar a denúncia contra Lula no caso do triplex do Guarujá. O julgamento havia sido adiado 42 vezes, e mesmo assim o conselho dos procuradores decidiu que o processo estava prescrito e o arquivou, livrando Dallagnol de responsabilização. Curiosamente, apesar do resultado final, os conselheiros reconheceram que existiriam elementos para instaurar um processo disciplinar contra Deltan. O processo disciplinar abriria caminho para outro, criminal.
A decisão do CNMP, na ocasião, provocou reação indignada do ex-presidente Lula, dizendo que ela entrará para a "história como vergonha para o Ministério Público".
A Lava Jato comunicou que o cargo de Dallagnol deverá ser ocupado pelo procurador da República no Paraná Alessandro José Fernandes de Oliveira.
Lula absolvido pela 5ª vez
O Tribunal Regional Federal da 1ª. Região (TRF1) determinou nesta terça-feira, por unanimidade, o trancamento da ação penal em que o ex-presidente Lula foi acusado de receber vantagem indevida da Odebrecht por meio de palestras comprovadamente realizadas. Segundo o advogado Cristiano Zanin Martins, essa é a quinta ação penal contra Lula rejeitada pela Justiça até o momento.
Em nota, o advogado afirma que a expectativa é de que agora o Supremo Tribunal Federal acolha os dois habeas corpus que estão em tramitação na Corte, pedindo a anulação dos processos abertos contra Lula pela Lava Jato de Curitiba "em virtude da suspeição do ex-juiz Sergio Moro e dos procuradores da República liderados por Deltan Dallagnol, para que o ex-presidente possa ter direito a um julgamento justo e imparcial também em relação a esses casos".