Democracia foi atacada mas sobreviveu, diz Moraes em NY

Em discurso durante um evento promovido por empresários nesta segunda-feira (14), em Nova York (EUA), o ministro Alexandre de Moraes, ao defender a atuação do Tribunal Superior Eleitoral no combate à desinformação, afirmou que "a democracia brasileira foi atacada, mas sobreviveu". Moraes disse que pretende "trazer leis para as redes sociais".
O evento, chamado Lide Brazil Conference, reúne ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal de Contas da União (TCU), gestores públicos e privados, empresários e economistas. Ao longo desta segunda-feira (14) e da terça-feira (15), eles discutirão questões envolvendo liberdade, democracia e os desafios para a economia em 2023.
Em sua fala no evento, o presidente do TSE disse ainda que o combate à desinformação não pode ser confundido com censura e que as redes não podem ser "terra de ninguém".
“Não é possível que nós não tenhamos consciência que a desinformação, o discurso de ódio, discursos preconceituosos, discursos agressivos nas redes sociais vêm corroendo a nossa democracia."
Citando a proibição de um livro de apologia ao nazismo, Moraes comparou: “Por que um livro pode ser probido e o que é colocado na rede não? O binômio liberdade com responsabilidade. As milícias digitais podem falar o que quiser, mas devem ter coragem para serem responsabilizadas posteriormente."
“Essas redes sociais, essas pessoas, supostamente pertencem à imprensa acabam se misturando com a imprensa séria, tradicional; só que a imprensa tradicional tem responsabilidade, pode eventualmente ser responsabilizada e por isso ela tem respeitabilidade. No momento em que essas pessoas, esses supostos jornalistas, influencers, se misturam com a imprensa tradicional, hoje grande parte da população não sabe mais o que é noticia verdadeira e o que é fraudulenta, isso vai corroendo a própria imprensa tradicional”, salientou Moraes.
Também discursaram no evento os ministros do STF Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes. Barroso afirmou que no Brasil criou-se "uma lenda de que o Supremo Tribunal Federal é contra o presidente".
"Todos os presidentes tiveram queixas do Supremo, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff. A única diferença é que nenhum deles atacou o Supremo. Nós não temos lado, só o das instituições", disse o ministro, acrescentando que só não existe tensão entre o Executivo e o Judiciário "em países em que as cortes foram cooptadas".
Já Gilmar Mendes disse em seu discurso que as prioridades do Brasil para 2023 devem ser o combate à fome e à desigualdade.
"Um país onde há gente passando fome precisa parar tudo e cuidar disso. E é preciso dar prioridade à educação básica. Quem acha que o problema da educação é a Escola sem Partido ou discutir se 1964 foi ou não golpe está assustado com a assombração errada e está nos atrasando na história", disse o ministro.
Manifestantes ficaram na porta do hotel em que ocorreu o evento e protestaram contra os ministros do STF. Apesar dos protestos dos bolsonaristas, Mendes caçoou: “É preciso perguntar se não há um cenário de absoluta dissociação cognitiva, principalmente neste cenário em que lunáticos pedem intervenção militar e a prisão do inventor da tomada de três pinos.”