Dia da Favela: comunidades do Rio criam laços para além de territórios

Nesta segunda-feira (4/11) é celebrado o Dia da Favela, data criada para reconhecer a resistência, a potência e a importância social, cultural e histórica das comunidades e de seus moradores. E, para os alunos de três projetos da ONG Favela Mundo não faltam motivos para comemorar. Isso porque, com as iniciativas oferecidas pela instituição, além de terem oportunidades conhecimento, geração de renda e novas perspectivas, eles conseguem contar suas histórias e enxergar as histórias dos outros por meio de interação e laços de amizades que se formam durante a jornada de aprendizado e que seguem para a vida além dos territórios.

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Um exemplo de como esses jovens e adultos são ferramentas transformadoras em suas comunidades e fora delas é o caso de Stefany Rago, de 27 anos, que foi aluna da ONG em 2014, na primeira edição do projeto A Arte Gerando Renda, e hoje arrasa na maquiagem de noivas, debutantes, além de dar aula e ter seu próprio canal nas redes sociais, a jovem segue ampliando o número de clientes e de amigos por onde passa. Resiliente, não desistiu do curso que fazia, num período tenso que vivenciou na Maré, comunidade onde mora.

“Fiz as aulas em uma época muito crítica, foi quando a comunidade estava sendo pacificada. Acontecia muito tiroteio, e muitas atividades foram canceladas por conta disso. Vários projetos entraram, mas não ficaram na comunidade. A ONG Favela Mundo permaneceu. Mas o que mais chamou a atenção foi a dedicação dos professores. A maioria dos alunos entravam ali e se sentiam inferiores, mas os professores se colocavam nos mesmos níveis que os alunos. Isso fez muita diferença. Agora quando estou dando aula ou atendendo os clientes, eu consigo me colocar no lugar deles”, relembra Stefany, que hoje tem seu próprio negócio e atende clientes na Maré.

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Além de amizades para uma vida inteira, os alunos e professores formam equipes de trabalho. Priscilla Maria Pacheco, de 38 anos, que fez cursos de tranças, turbantes e maquiagem artística no projeto A Arte Gerando Renda e foi chamada pela professora de Maquiagem Artística para trabalhar em sua equipe de Maquiagem infantil.

“A Arte Gerando Renda foi um pontapé para eu conhecer pessoas que compartilhavam da mesma vontade, que era ter uma renda e levar o sustento para casa. Esse curso agrega pessoas de vários lugares diferentes. Sou grata e sempre serei a tudo o que o projeto me proporcionou. Hoje tenho um trabalho por conta do projeto. E fiz muitos amigos nessa caminhada. Estou radiante. Hoje, sou a Tia Pri da equipe Dani Makes e do Camarim Fashion e Maquiagem Artística infantil”, comemora Priscilla.

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“O Favela Mundo abriu meus olhos. Quando cheguei no projeto, estava depressiva e tomava sete remédios. Foi uma terapia, aprendi a fazer artesanato, maquiagem artística, pintura e fui gostando cada vez mais. Além de conseguir retomar a minha profissão como cabeleireira, fiz amizades incríveis, mulheres que seguraram a minha mão. Encontrei amor, aconchego e muito carinho. Tenho amigas do projeto que viraram até minhas clientes. Elas saem de suas comunidades para me ver e aproveitam para dar um trato nos cabelos”, conta Maria Dolores da Conceição, de 53 anos, moradora de Jacarepaguá, que abriu um salão de beleza, em Curicica.

Para Marcello Andriotti, fundador da ONG Favela Mundo, o Dia da Favela ressignifica o conceito e o significado de favela, trazendo reflexões sobre ações em prol das comunidades e sobre todos os assuntos e aspectos desses territórios.