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Dificuldade de agenda impede reunião entre Lula e Zelensky


(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não irá se encontrar com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante a cúpula do G7 que ocorre neste fim de semana em Hiroshima, no Japão. A organização da reunião bilateral não foi possível por dificuldade na conciliação das agendas dos dois líderes mundiais. O governo brasileiro sugeriu mais de um horário, mas não houve acerto.


Em entrevista, o presidente ucraniano confirmou a dificuldade. "Encontrei todos os líderes. Quase todos. Todos têm suas agendas próprias. Acho que é por isso que não pudemos encontrar o presidente do Brasil". Questionado se ficou decepcionado por não ter conseguido realizar essa reunião, Zelensky respondeu: "Acho que ele que ficou decepcionado".


O G7 reúne lideranças da União Europeia e dos sete países mais industrializados do mundo: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Até 2014, a Rússia integrava o grupo, que era conhecido como G8. Ela, no entanto, foi expulsa devido à anexação da Crimeia, até então vinculada à Ucrânia.


As cúpulas do G7 costumam contar com a presença de países convidados. Nesta edição, o Brasil é o único representante sul-americano. Também foram convidados Austrália, Coreia do Sul, Vietnã, Índia, Indonésia, Comoros e Ilhas Cook. O governo brasileiro chegou a ser informado pelos japoneses há algumas semanas que a ida de Zelensky a Hiroshima era uma possibilidade.


O presidente ucraniano aproveitou a oportunidade para buscar mais apoio na guerra contra a Rússia. A organização de uma reunião bilateral entre Brasil e Ucrânia foi inicialmente um pedido do país europeu.


O Brasil é um dos países, como a Índia e a China, que vem proclamando publicamente uma postura de neutralidade na guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Por isso, países europeus e os Estados Unidos, que apoiam os ucranianos no conflito, faziam pressão para que Lula e Zelensky se reunissem. Embora não tenha conversado pessoalmente com o presidente brasileiro, Zelensky chegou a ter um encontro com o premiê da Índia, Narendra Modi.


A guerra que desencadeou uma invasão da Ucrânia por forças militares russas em fevereiro do ano passado tem raízes profundas. O presidente russo, Vladmir Putin, sustenta agir em defesa da população russa de Lugansk e Donetsk, no Leste ucraniano. Também já justificou movimentações militares como uma reação à aproximação entre a Ucrânia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar articulada pelos Estados Unidos e outros países ocidentais em meio à Guerra Fria. Já o governo ucraniano afirma que houve violação de sua soberania e acusa a Rússia de ter projetos imperialistas na região, desde a anexação da Crimeia em 2014.


Durante o painel do G7, que contou com a presença de Zelensky, Lula lembrou que a Organização das Nações Unidas (ONU) foi fundada em 1945 para para evitar nova guerra mundial. "Em linha com a Carta das Nações Unidas, repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Ao mesmo tempo, a cada dia em que os combates prosseguem, aumentam o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares. Tenho repetido quase à exaustão que é preciso falar da paz", disse Lula.


Ele também defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU e disse que membros permanentes continuam a longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão, o que indica que os mecanismos multilaterais de prevenção e resolução de conflitos não funcionam no formato atual. Lula citou outros povos no mundo que sofrem com conflitos armados, como palestinos e sírios. Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são China, Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia.


Constrangimento

O desencontro de Lula e Zelensky deve causar constrangimento na relação entre os dois países. Fontes do Ministério das Relações Exteriores ouvidas pelo portal G1 já haviam manifestado incômodo com a "pressão descabida" exercida para que Lula incluísse uma reunião bilateral com Zelensky em sua agenda.


Para o professor adjunto de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense e pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos (INEST-UFF), Márcio Malta, a maneira apressada com a qual o encontro foi aventado justifica o seu cancelamento de última hora.


"No meu entendimento é correto não ter realizado a reunião com a liderança ucraniana, dada a forma açodada que foi preparada", disse Malta à Sputnik Brasil. "Política não se faz com pressão, mas sim com diálogo."


Segundo ele, os relatos de diplomatas sobre constrangimento sofrido para que o encontro com Zelensky fosse realizado revela "que há um ator político por trás - os EUA - pressionando o Brasil".

"A política externa brasileira no seu histórico tem um comportamento geralmente de autonomia não passiva, mas sim ativa. O Brasil cumpre o seu protagonismo que pode ser decisivo em tratativas de conversa, diálogo e busca pela paz, como o presidente Lula tem declarado reiteradamente", declarou Malta.


Apesar do mal-estar causado pelo desencontro entre os líderes, Malta acredita que a participação de Lula no G7 foi exitosa.


"Enxergo a ida do presidente Lula ao G7 no Japão como muito positiva [...] afinal o Brasil não participava desse tipo de fórum há 14 anos", disse Malta. "Esse convite demonstra o peso e importância do Brasil. É a volta do Brasil ao cenário internacional depois de um longo hiato."


De fato, a agenda de trabalho de Lula na cidade japonesa de Hiroshima foi intensa. O primeiro encontro foi realizado com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, que acenou com linha de crédito de cerca de R$ 1 bilhão para o sistema de saúde brasileiro.


Entre a sexta-feira (19) e o sábado (20), a agenda de Lula incluiu encontros bilaterais com o presidente da Indonésia, Joko Widodo, da França, Emmanuel Macron e com o chanceler alemão, Olaf Scholz. Posteriormente, o presidente brasileiro ainda conversou com os primeiros-ministros da Índia, Narendra Modi, do Canadá, Justin Trudeau e da Austrália, Anthony Albanese.Neste domingo (21), ainda houve espaço para conversas com o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chính.


A Cúpula de líderes do G7, grupo que reúne os países mais ricos do Ocidente, ocorreu entre os dias 19 e 21 de maio na cidade de Hiroshima, no Japão. Além dos países membros do grupo, a presidência japonesa convidou representantes de Índia, Austrália, Brasil, Coréia do Sul e Vietnã para participarem do encontro. Além disso, a Indonésia, que preside a ASEAN, as Ilhas Cook, que presidem o Fórum das Ilhas do Pacífico, e Comores, que preside a União Africana, também foram convidadas para comparecer à Cúpula de Hiroshima.


Com Agência Brasil e Agência Sputnik

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