Dilma rebate Temer e o chama de golpista e traidor
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A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) divulgou nota contundente nesta sexta-feira (22), em resposta a Michel Temer (MDB), que, numa entrevista ao UOL, a chamou de "honestíssima", mas negou que tenha dado golpe em 2016. Dilma afirma que Temer "não engana mais ninguém" e que "a História não perdoa a prática da traição". E pede que ele pare de buscar "limpar sua inconteste condição de golpista" utilizando a "inconteste honestidade pessoal" dela.
"Não houve golpe. Eu quero dizer que a ex-presidente é honesta. Eu sei, e pude acompanhar, que não há nada que possa apodá-la de corrupta. Ela é honestíssima. Mas houve problemas políticos. Ela teve dificuldades no relacionamento com a sociedade e com o Congresso Nacional. Esse conjunto de fatores levou multidões às ruas", afirmou Temer, no programa UOL Entrevista, na quinta-feira (21).
Em uma carta aberta, Dilma rebateu Temer dizendo que ele foi "alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes".
"Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política", escreve a ex-presidenta no início de seu posicionamento.
Dilma também menciona que “é de todo inócuo afirmar que não houve um golpe, pois este personagem se ofereceu como vice-presidente por duas vezes. E, assim, sabia por duas vezes qual era o programa político das chapas vitoriosas que foram eleitas em 2010 e 2014”.
"As provas materiais da traição política estão expressas na PEC do Teto de Gastos, na chamada reforma trabalhista e na aprovação do PPI [preço de paridade internacional, implantado na Petrobrás para venda de combustíveis no mercado interno] para as quais não tinha mandato. Nenhum desses projetos estavam em nossos compromissos eleitorais, pelo contrário, eram com eles contraditórios. Trata-se, assim, de traição ao voto popular que o elegeu por duas vezes", disse a ex-presidente.
Dilma já anunciou que não vai concorrer a nenhum cargo, mas que apoiará a candidatura do ex-presidente Lula, líder nas pesquisas de intenção de voto, para a Presidência da República.
Veja a nota na íntegra.
"Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política. É justamente essa qualidade que despreza, rejeita e repudia uma avaliação que parte de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes.
É de todo inócuo afirmar que não houve um golpe, pois este personagem se ofereceu como vice-presidente por duas vezes. E, assim, sabia por duas vezes qual era o programa político das chapas vitoriosas que foram eleitas em 2010 e 2014.
As provas materiais da traição política estão expressas na PEC do Teto de Gastos, na chamada reforma trabalhista e na aprovação do PPI para as quais não tinha mandato. Nenhum desses projetos estavam em nossos compromissos eleitorais, pelo contrário, eram com eles contraditórios. Trata-se, assim, de traição ao voto popular que o elegeu por duas vezes.
Lembro ainda que a “dificuldade de diálogo com o Congresso” não é razão legal e constitucional para impeachment em um regime presidencialista, como ele bem sabe.
Tal “dificuldade” era uma integral rejeição às práticas do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, criador do Centrão, que queria implantar com o meu beneplácito o “orçamento secreto”, realizado, hoje, sob os auspícios de um dos seus mais próximos auxiliares na Câmara Federal.
Finalmente, relembro que a História não perdoa a prática da traição. O senhor Michel Temer não engana mais ninguém. O que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo, razão pela qual não pretendo mais debater com este senhor."