Dino: financiadores dos atos foram identificados em 10 estados
- Da Redação
- 9 de jan. de 2023
- 3 min de leitura

O ministro da Justiça, Flávio Dino, fez um balanço sobre os atos de vandalismo ocorridos domingo (8) em Brasília, quando os prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto foram invadidos por milhares de bolsonaristas.
Dino anunciou um reforço de 500 homens da Força Nacional de outros estados do país, que irão a Brasília para reforçar a segurança da capital federal.
Segundo o ministro, já foram identificados em 10 Estados os financiadores dos atos de vandalismo e invasão nas sedes dos Poderes. Ele disse que foram abertos três inquéritos pela Polícia Federal, com uma investigação para cada prédio invadido e depredado. Dino não informou quais seriam os Estados e nem deu detalhes de como ocorreram as contribuições com dinheiro ou recursos para os atos golpistas.
Dino acrescentou que processos administrativos serão instaurados em relação aos agentes públicos e servidores que facilitaram aos bolsonaristas as invasões dos palácios (caso de policiais militares que abriram espaço para o motim no Congresso Nacional, conforme imagens divulgadas pela emissora GloboNews).
"Os golpistas estavam visando um golpe de Estado. É importante dizer isso. [...] Vivemos [ontem] um conjunto de crimes de abolição do Estado democrático de direito", afirmou. "Não obtiveram êxito. Isso foi debelado, isso foi vencido, e acreditamos que o pior já passou. [...] Vivemos um momento muito difícil ontem, um estresse inédito do Estado democrático de direito. Mas isso passou. Se há algum saldo disso, é a defesa do Estado e da Constituição. O extremismo foi derrotado mais uma vez. [...] E Deus abençoou o Brasil. Porque ontem não teve nenhum morto. Vivemos ontem o Capitólio brasileiro, com duas diferenças: não houve mortos e temos muito mais presos [no dia seguinte aos ataques]."
Ele exemplificou que entre os crimes há o de associação criminosa e o de lesão corporal (inclusive contra jornalistas que trabalhavam na cobertura dos atos e que foram agredidos), ou seja, "múltiplas responsabilidades", com base no "artigo 29 do Código Penal".
"A Polícia Federal realizou a apreensão de 40 ônibus. Em um deles havia inclusive armas de fogo, o que demonstra preparação para atos de violência", declarou, acrescentando que alguns dos veículos já estavam deixando Brasília.
O ministro informou que no domingo 209 pessoas foram presas em flagrante.
Nesta segunda, após a desmobilização dos acampamentos bolsonaristas em frente à sede do Exército, mais 1.200 pessoas foram presas e estão sendo ouvidas. Elas foram acomodadas na academia da Polícia Federal e estão sendo ouvidas por 50 equipes de policiais e investigadores.
Segundo o ministro, ao todo, por volta de 1.500 pessoas foram presas até o momento.
Dino disse que já há uma lista de contratantes das empresas de ônibus que se deslocaram de outras partes do Brasil para o Distrito Federal e que essas pessoas serão ouvidas em sede policial.
O objetivo é chegar aos financiadores dos atos de vandalismo, quando os edifícios federais foram destruídos.
"Estamos lidando com isso desde antes da posse presidencial. Nunca minimizamos e sempre agimos. Tanto que há pessoas presas, inclusive financiadores. É a prova cabal de que nós sempre agimos desde os eventos de 12 de dezembro [quando bolsonaristas atacaram Brasília na diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva, PT] e do 24 [de dezembro, quando um bolsonarista colocou uma bomba no Aeroporto de Brasília]. Não estamos vivendo uma situação de normalidade institucional, porque foram inoculados valores exóticos [em relação à democracia]. Estamos agindo desde a posse contra o terrorismo."
Obras de arte foram danificadas ou furtadas, e armas da segurança de Lula foram roubadas de uma sala ao lado do gabinete presidencial, que só não foi invadido porque a porta tem uma blindagem especial, o que impediu sua vandalização. Jornalistas que cobriam o motim também tiveram seus equipamentos de trabalho roubados pelos bolsonaristas.
Dino elogiou a lealdade o ministro da Defesa, José Múcio, que vem sendo alvo de pedidos de demissão nas redes sociais, e a "legalidade" das Forças Armadas..
"Prefiro acreditar que o ministro Múcio fez o máximo que pôde, com lealdade e dignidade. É preciso notar que as Forças Armadas ficaram ao lado da legalidade democrática. Tenho solidariedade ao ministro Múcio, o que não significa que concorde com todas as opiniões dele. Mas não pode ser posta em dúvida a sinceridade, a lealdade e a correção dele", defendeu.
Com a Sputnik Brasil
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