Elcio Queiroz confirma participação de mais um PM na morte de Marielle
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O ex-policial militar (PM) Élcio de Queiroz fechou delação premiada com a Polícia Federal (PF) e com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) confirmando a participação dele, de Ronnie Lessa e do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa no assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O ex-PM ainda indicou envolvimento de mais pessoas no crime. Uma delas, de acordo com o portal G1, seria o sargento da Polícia Militar Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé e executado em 2021. Foi ele, segundo o delator, quem apresentou o mandante da morte de Marielle a Ronnie Lessa.
Lessa e Élcio Queroz estão presos desde 2019 acusados pelos assassinatos da vereadora e do motorista dela. Os dois vão a júri popular pelos crimes.
O sargento Macalé foi executado em novembro de 2021, em Bangu, Zona Oeste do Rio. Um vídeo mostra quando ele andava na Avenida Santa Cruz e um carro passa com criminosos fazendo disparos
“O senhor Élcio narra a dinâmica do crime, narra a participação dele próprio e do Ronnie Lessa e aponta o Maxwell e outras pessoas como copartícipes desse evento criminoso”, informou nesta segunda-feira (24) o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. O ministro acrescentou que há cláusulas de segurança no acordo que impedem a divulgação de maiores informações.
“É muito sensível. Envolve outras pessoas, envolve pessoas que têm uma notória periculosidade e, por isso mesmo, o poder Judiciário, corretamente na nossa visão, quebrou o sigilo de uma pequena parte da delação, mas a maior parte da delação permanecerá em sigilo até a conclusão dessas operações”, explicou Dino.
Para o ministro Flávio Dino, a colaboração premiada de Élcio de Queiroz encerrou uma fase da investigação ao retirar todas as dúvidas sobre a execução do crime, abrindo a possibilidade de a polícia chegar aos mandantes do duplo assassinato. “Há um avanço, uma espécie de mudança de patamar da investigação. A investigação agora se conclui em relação ao patamar da execução e há elementos para novo patamar: a da identificação dos mandates do crime”, destacou o ministro, que acrescentou que nas próximas semanas “provavelmente haverá novas operações derivadas desse conjunto de provas colhido no dia de hoje”.
O chefe da pasta da Justiça e Segurança Pública argumentou que a delação só foi fechada porque as provas colhidas desde o início do ano tornaram evidente a participação de Ronnie e Élcio no crime, o que teria tornado difícil a manutenção da tese da defesa de Élcio que negava o envolvimento do ex-PM no caso.
Em fevereiro deste ano, a Polícia Federal e a Polícia Penal Federal ingressaram na investigação em parceria com o Ministério Público do Rio de Janeiro. Questionado porque a investigação anterior não tinha conseguido avançar nas investigações, Dino respondeu que a participação das polícias federais permitiu uma maior união de esforços. “Respeitamos as investigações já ocorridas, mas o ingresso da Polícia Federal permitiu maior união. Então o elemento da união de forças permitiu esse resultado”, opinou.
A operação desta segunda-feira que prendeu o ex-bombeiro Maxwell, o “Suel”, foi um desdobramento da delação premiada de Élcio de Queiroz. De acordo com o MPRJ, Maxwell era o dono do carro usado para esconder as armas que estavam em um apartamento de Ronnie Lessa, acusado de ser um dos autores do assassinato e amigo de Suel. O ex-bombeiro também teria ajudado a jogar o armamento no mar.
Identificado como integrante de uma milícia com atuação em Rocha Miranda, Zona Norte do Rio, Suel foi preso em casa - uma mansão de três andares, em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste - e foi levado para a sede da PF, de onde será transferido para um presídio federal.
Força-tarefa do MPRJ
O MPRJ dispõe de uma força-tarefa dedicada a identificar o mandante do assassinato de Marielle e Anderson, integrada por sete promotores de Justiça. A FT-MA foi nomeada pelo procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, que estabeleceu prioridade ao caso. Em fevereiro deste ano, o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, foi recebido pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em Brasília. O encontro tratou do apoio federal a investigações no estado, com destaque para as estratégias de combate ao crime organizado e as apurações que buscam identificar o mandante dos assassinatos da vereadora e de seu motorista, ocorridos em 2018. O foco era fortalecer a Força-Tarefa do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) já existente e dedicada, exclusivamente, a esse objetivo.
Em março deste ano, Luciano Mattos, recebeu a visita do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Leandro Almada. No encontro, trataram da cooperação entre as duas instituições em investigações e discutiram estratégias relacionadas ao inquérito que apura os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes.
A operação desta segunda (24/07) conclui a primeira fase das investigações, com a identificação e prisão dos executores de Marielle e Anderson, com a compreensão da dinâmica do atentado. E, a partir das apreensões feitas, traz novos elementos aos autos, fundamentais para que sejam identificados os mandantes do crime.
Com informações da Agência Brasil