Em assembleia da OMS, Brasil não apoia Ucrânia nem Rússia
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Duas propostas foram votadas nesta semana na Assembleia Mundial da Saúde, uma ucraniana e outra russa, sobre o conflito em curso. Brasil não apoiou o texto e, ao votar, a instrução que o Itamaraty enviou para delegação brasileira foi de optar por abstenção.
Uma proposta de texto que condena a Rússia circulou entre governos na noite de segunda-feira (22) e foi patrocinada por mais de 40 países, entre eles Estados Unidos, Alemanha, França, Coreia do Sul, Reino Unido e Austrália.
"Não acreditamos que nenhuma dessas propostas vão contribuir para reduzir os níveis de violência contra profissionais de saúde ou reduzir os danos às instalações de saúde da Ucrânia [...] Temos dúvidas de que vão melhorar o acesso à saúde para as populações afetadas", disse a delegação brasileira ao justificar seu voto na assembleia de acordo com a coluna de Jamil Chade no UOL.
Segundo o jornalista, o governo brasileiro ainda afirmou que entende que as regras da OMS autorizam a entidade a monitorar a situação de saúde em qualquer parte do mundo, "à luz de critérios técnicos e objetivos".
Brasília também destacou os limites dos mandatos da OMS. Para o governo, temas como paz e segurança "tem seu próprio espaço para debate, como a Assembleia Geral da ONU, o Conselho de Segurança ou Conselho de Direitos Humanos e a Corte Internacional de Justiça".
O temor ainda do Brasil é que as instituições internacionais sejam sequestradas na lógica do atual conflito, imobilizando outros debates, escreve o jornalista.
Entretanto, países da América Latina liderados por governos de esquerda votaram ao lado da Ucrânia. Argentina, Chile e Colômbia foram alguns desses votos de apoio ao governo de Kiev. Ao lado do Brasil estiveram outros países do BRICS, como Índia e África do Sul. Já a China votou contra a resolução, ao lado de Cuba, Síria e Coreia do Norte.
O gesto brasileiro de "dupla abstenção" vem num momento em que algumas potências ocidentais questionam a possibilidade política de o governo Lula de atuar como facilitador no conflito entre russos e ucranianos, principalmente após o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, não ter encontrado com o homólogo ucraniano, Vladimir Zelensky, às margens da cúpula do G7 em Hiroshima.
Apesar do conflito de agendas entre os dois não ter possibilitado a reunião, o governo ucraniano fez questão de divulgar a tese de que não houve boa vontade por parte do Brasil para que o encontro acontecesse.