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Empresários faturam alto com cloroquina descartada para Covid


O presidente Jair Bolsonaro com a caixa de hidroxicloroquina: "Não estou ganhando nada com isso" (Reprodução)

Antes mesmo de ser diagnosticado com Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro dizia publicamente que já tomava doses de hidroxicloroquina. Nos últimos dias, seu entusiasmo pelo medicamento só aumentou e ele até divulgou um vídeo em que dizia: "estou tomando aqui a terceira dose da hidroxicloroquina. Estou me sentindo muito bem... Então, com toda certeza, está dando certo".

A propaganda feita por Jair Bolsonaro, desde março, em defesa do uso da cloroquina alavancou os negócios das cinco empresas autorizadas a produzir o medicamento no Brasil. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, dados do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) apontam que o consumo de cloroquina cresceu 358% desde o início da pandemia.

A droga, porém, não tem eficácia comprovada contra o coronavírus e foi descartada para pesquisa pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

No entanto, o laboratório Aspen, que pertence ao empresário Renato Spallicci, triplicou a produção do medicamento Reuquinol, que tem a cloroquina como base. No dia 26 de março, uma caixa do remédio produzido pelo laboratório foi mostrada por Bolsonaro durante um encontro virtual de líderes do G-20.

Na terça-feira (7), após afirmar ter sido diagnosticado com Covid-19, Bolsonaro voltou a exibir uma caixa de hidroxicloroquina, produzida pela SEM, que integra o grupo empresarial de Carlos Sanchez, que também é dono do laboratório Germed e que também possui autorização da Anvisa para produzir o medicamento.

“Por volta das 17h (de terça-feira) tomei um comprimido de cloroquina. Recomendo que você faça a mesma coisa. Sempre orientado pelo médico. É um testemunho meu: tomei e deu certo, estou muito bem”, disse Bolsonaro durante sua live semanal, visualizada por cerca de 1,6 milhão de pessoas. “No meu caso deu certo. Não estou ganhando nada com isso. Não tenho nenhum negócio com essa empresa”, completou.

Sanchez é apontado pela Forbes como o 16.º homem mais rico do Brasil, com um patrimônio estimado em cerca de U$ 2,5 bilhões, e já teve ao menos duas reuniões com Bolsonaro desde o começo da pandemia.

O laboratório Cristália, do empresário Ogari de Castro e segundo-suplente do líder do governo no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO) também foi beneficiado pela propaganda feita pro Bolsonaro, assim como a empresa francesa Sanofi-Aventis, que tem entre seus sócios o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Medicamento descartado contra Covid

Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e o Instituto Nacional de Saúde do país retiraram o medicamento, originalmente criado para combater malária, do coquetel de drogas recomendados contra a Covid-19.

E, há quase um mês, a agência reguladora de medicamentos e alimentos (FDA, na sigla em inglês), revogou a autorização de uso emergencial, dada em março, para que os hospitais americanos ministrassem hidroxicloroquina aos pacientes com Covid-19.

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