Enem 2021 é o que tem menos candidatos negros e pobres
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O governo Jair Bolsonaro realiza neste e no próximo domingo (28) o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com 3,1 milhões de candidatos. É o menor número de candidatos desde 2005. Levantamento feito pelo Semesp (Sindicato das Mantenedores de Ensino Superior de São Paul) constatou também um retrocesso histórico em termos de acesso dos mais pobres ao exame, que é a principal porta de acesso ao ensino superior no país.
Segundo o estudo, o número de inscritos com isenção da taxa por declaração de carência caiu 77% em relação à última prova. Além disso, é o Enem com a menor proporção de inscritos pretos, pardos e indígenas dos últimos dez anos, rompendo uma trajetória de inclusão de estudantes com esse perfil. Apenas 11,7% dos candidatos são pretos, a menor proporção desde 2009, quando eles representaram apenas 6,3% dos inscritos.
Em números absolutos, a prova chegou a ter mais de 1,1 milhão de inscritos pretos em 2016. Em 2021, eles são apenas 362,3 mil.
Os pardos são 42,2% dos participantes. É o menor percentual desde 2012, quando eles foram 41,4% do total. São cerca de 1,3 milhão de alunos pardos neste ano, um grupo que já ultrapassou 4 milhões de inscritos - mais do que o total de candidatos da prova deste ano.
Segundo especialistas, esses números atuais são reflexo da crise econômica e social do país, com o desemprego e o empobrecimento das famílias durante a pandemia da covid-19, que piorou a situação dos jovens de baixa renda - muitos tiveram de ir trabalhar pela sobrevivência.
A exclusão dos alunos pobres e negros explica também a política do governo de não garantir o acesso ao ensino superior. Em agosto, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que as universidades devem ser para poucos, o que condiz com os números do Enem 2021.
Além de selecionar estudantes para as universidades públicas do país, o Enem também é critério de acesso a bolsas do ProUni (Programa Universidade para Todos) e Fies (Financiamento Estudantil) em faculdades particulares.