EUA afirmam que eleições no Brasil são 'modelo' para o mundo

Após o presidente Jair Bolsonaro (PL) envergonhar o Brasil ao voltar a atacar o sistema eleitoral brasileiro, em reunião com diplomatas estrangeiros, a embaixada dos Estados Unidos em Brasília afirmou que as eleições no país são um "modelo" para o mundo.
"As eleições brasileiras, conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas, servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo", diz o comunicado da embaixada americana.
No documento datado de terça-feira (19), a embaixada afirma ainda que está "confiante de que as eleições brasileiras de 2022 vão refletir a vontade do eleitorado".
Segundo a representação estadunidense no país, o Brasil tem "um forte histórico de eleições livres e justas, com transparência e altos níveis de participação dos eleitores".
"À medida que os brasileiros confiam em seu sistema eleitoral, o Brasil mostrará ao mundo, mais uma vez, a força duradoura de sua democracia", declarou.
Em reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, Bolsonaro voltou a afirmar, sem apresentar nenhuma prova, que o sistema eleitoral brasileiro é passível de fraudes. Ao menos 70 diplomatas participaram do encontro, no qual Bolsonaro falou mentiras e citou vídeos descontextualizados e informações já desmentidas pela Justiça Eleitoral.
Após as declarações, ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pré-candidatos à Presidência da República rebateram as falas de Bolsonaro. Um grupo de mais de 40 procuradores da República também se manifestaram contra as ameaças do presidente às eleições. Diversos representantes da sociedade civil, como as centenárias Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) também repudiaram os ataques às instituições democráticas.
Edson Fachin, atual presidente do TSE, reforçou a segurança do sistema eleitoral e disse que o debate político atual "tem sido achatado por narrativas nocivas que tensionam o espaço social".
Já o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, se reuniu em videoconferência com Fachin e "reiterou confiança total na higidez do processo eleitoral".
"Em nome do STF, o ministro Fux repudiou que, a cerca de 70 dias das eleições, haja tentativa de se colocar em xeque mediante a comunidade internacional o processo eleitoral e as urnas eletrônicas, que têm garantido a democracia brasileira nas últimas décadas", disse o STF em nota.
Mendes: urna elegeu bolsonaristas desconhecidos
Já Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ao ser questionado pelo jornal Correio Braziliense, em Portugal, sobre as falas de Bolsonaro, debochou e disse que já falou para ele "que tinha vontade de acreditar na fraude das urnas", quando vê nomes eleitos como Bia Kicis e Hélio Negão.
“Todos os Bolsonaros, e eles são vários, foram eleitos pelas urnas eletrônicas. Bolsonaro também elegeu, exatamente porque liderou a campanha presidencial, 55 parlamentares, alguns de que nós nunca ouvimos falar. Até numa conversa com ele, brinquei, dizendo que tinha vontade de acreditar na fraude das urnas, porque, quando via nomes como Hélio Negão (PL-RJ), Bia Kicis (PL-RJ), ou coisas assim, pensava, poxa. Mas sei que eles foram eleitos, assim como tivemos, em outros momentos, como na vitória de Collor, a eleição de muita gente desconhecida", disse Mendes.
Com a Sputnik