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Ex-deputado federal David Miranda (PDT) morre no Rio de Janeiro

O ex-deputado federal David Miranda morreu nesta terça-feira (9/5), no Rio de Janeiro, aos 37 anos. A informação foi divulgada por seu marido, o jornalista Glenn Greenwald, em seu perfil na rede social Twitter. Miranda estava internado há nove meses em uma unidade de tratamento intensivo e, segundo Greenwald, “morreu em paz, cercado por nossos filhos, família e amigos”. O ex-parlamentar foi hospitalizado em agosto de 2022, devido a uma inflamação e infecção na região abdominal.

Reprodução / Facebook

Há algumas semanas, Greenwald escreveu em seu blog que a infecção rapidamente se espalhou para outros órgãos através de sua corrente sanguínea.


“De longe, o maior sonho de David, e o que lhe dava o maior orgulho e propósito, era ser pai. Ele era o pai mais dedicado e amoroso. Ele me ensinou como ser um pai. E nossos meninos verdadeiramente excepcionais – com seus próprios começos de vida difíceis – são seu maior legado”, escreveu Greenwald hoje, no Twitter.


David, completaria 38 anos na quarta-feira (10/5). Ele assumiu seu mandato como deputado federal em fevereiro de 2019, na vaga de Jean Wyllys, que desistiu de tomar posse na Câmara Federal. Ele ocupou no cargo até sua internação, em agosto de 2022.


Causa LGBTQIA+, luta por Snowden e prisão em Londres


David Miranda morou na favela do Jacarezinho, até sair de casa, aos 15 anos. Órfão de mãe e de pai desconhecido, foi criado pela tia e perdeu contato dos quatro irmãos que possuía. Foi faxineiro, office boy, despachante e gerente de uma casa lotérica. Aos 19 anos, conheceu o jornalista estadunidense Glenn Greenwald, que estava no Rio a turismo e viu David jogando futevôlei em Ipanema, en frente à Rua Farme de Amoedo. Uma semana depois, estavam morando juntos e permaneceram casados por 17 anos.


Com a ajuda de Greenwald, ele se formou em marketing pela ESPM, em 2014 e, em seguida, os dois se mudaram para os Estados Unidos.


Em agosto de 2013, durante a escala de um voo em Londres, na Inglaterra, foi detido pelo governo britânico por conta do trabalho junto a Glenn e interrogado durante nove horas no Aeroporto de Heathrow sob a lei antiterrorismo do país. As autoridades britânicas alegaram que o ex-político estava envolvido com “terrorismo” e que tentava transportar documentos de Edward Snowden, segundo a polícia e documentos de inteligência.


O fato ocorreu porque Miranda havia se envolvido na campanha pelo asilo de Edward Snowden no Brasil, juntamente com Greenwald. E porque trabalhou com o marido nas revelações sobre o sistema de vigilância global da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês).

Reprodução

De volta ao Rio, em 2014 Miranda se filiou ao PSOL. Em 2016, foi o primeiro vereador assumidamente gay a garantir uma cadeira na Câmara municipal com 7.012 votos. Da mesma sigla que a vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, foi um dos que mais se indignaram. David Miranda não se calou diante do crime bárbaro.


Como vereador, um de seus projetos de maior repercussão foi o que garantia o direito ao uso do nome social nas instituições públicas por travestis, mulheres e homens transexuais. O mesmo projeto foi apresentado anos depois na Câmara federal.


Em 2019, com a desistência de Jean Wyllys à cadeira de deputado federal — depois de ameaças de morte que o fizeram sair do país — Miranda assumiu o cargo. Em entrevista ao Jornal O Globo, na época, o deputado prometeu legislar e lutar pelas mesmas causas de Wyllys, especialmente na defesa dos direitos das pessoas LGBTQIA+


"Eu acredito em uma coincidência do destino. Se eles (os opositores de Wyllys) acham que vão acabar com um LGBT, outro de nós vai assumir. Vou estar lá por todos os nossos companheiros que são tombados. Acho que, de alguma maneira, a saída dele e a minha chegada estão completamente relacionadas por essa semelhança" — afirmou na ocasião.

Reprodução / Facebook

Ainda em 2019, foi eleito pela revista americana Time como um dos dez líderes da próxima geração. Na Câmara federal, os outros projetos de David Miranda determinavam medidas protetivas para a população LGBTQIA+, e outra que propôs a criação de ações para combater o suicídio e o sofrimento psíquico de profissionais da segurança pública, como os policiais.


Em janeiro de 2022, o parlamentar deixou o PSOL e se filiou ao PDT. O comunicado foi feito em carta aberta no dia do centenário de Leonel Brizola. Seis meses depois, foi internado para tratar uma grave infecção no sistema gastrointestinal. Diante do quadro de saúde que não apresentava mudança, seis meses depois a família anunciou a desistência da candidatura à reeleição.


Repercussão


Em seu perfil no Twitter, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte do ex-parlamentar: "partiu cedo demais."

O presidente do PDT, Carlos Lupi, publicou postagem no Twitter também citando a morte precoce de Miranda.

O ex-governador do Ceará e ex-candidato à presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, escreveu:


"Muito triste com a notícia do falecimento do meu amigo David Miranda. Um exemplo de vida, um exemplo na política, um exemplo na luta pela Democracia, pela liberdade e pelo Brasil. Meu abraço afetuoso ao Glenn, seus filhos e familiares".


O presidente do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI, Cláudio Nascimento, destacou o pioneirismo de David Miranda como primeiro vereador assumidamente gay a se eleger no Rio de Janeiro, em 2017.


"Miranda foi um grande representante da pauta por cidadania Lgbti+, democracia, direitos dos animais e direitos humanos. Um entusiasta dos movimentos sociais. Sempre dialogou e atuou pelas pautas em favor dos direitos Lgbti. Há mais de uma década apoiava projetos e ações do Grupo Arco-Íris de Cidadania Lgbti e Aliança Nacional Lgbti, dentre outras entidades", disse Nascimento, que também é diretor de políticas públicas da Aliança Nacional LGBTI.

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O Instituto Marielle Franco ressaltou, em post no Instagram, a parceria entre David Miranda e Marielle, eleitos juntos pelo PSOL para a legislatura em que a vereadora foi assassinada.


"Hoje a política e o Brasil estão se despedindo de David Miranda. Durante sua jornada @davidmirandario compartilhou muitos momentos com a Mari, eles estiveram juntos na Câmara dos Vereadores em 2017 e ali viveram muitos desafios juntos. Que nesse momento, familiares e amigos possam encontrar conforto e acalanto. Obrigada David. Fique em paz!"


A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) manifestou solidariedade aos amigos e familiares do ex-parlamentar em suas redes sociais, ao transmitir a notícia aos seus seguidores.


O ex-deputado federal Jean Willys, que teve uma atuação na Câmara marcada pela defesa dos direitos da população LGBTQIA+, também veio a público para lamentar a morte do ex-deputado de apenas 37 anos.


"Soube agora da partida precoce de David Miranda. Que tristeza! Meus sentimentos à sua família e ao seus amigos. Que ele agora descanse em paz!"

A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) também usou as redes sociais para lamentar a morte de Miranda e confortar amigos e familiares:


"Com tristeza recebi a notícia do falecimento do colega - por quem sempre guardei imenso carinho e admiração - David Miranda. David deixou um legado no país, e sua luta pela causa LGBT e pela justiça social seguirá conosco. Desejo conforto nos corações dos amigos e familiares", escreveu no Twitter.


"A sua luta contra o preconceito e pela democracia jamais será esquecida!", assinalou o senador Fabiano Contarato (PT-ES), atual líder da bancada do PT na Casa, também no Twitter.


O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, se manifestou em nome da Casa: "a Câmara dos Deputados lamenta a morte do ex-deputado federal David Miranda."

Fonte: Com informações da Agência Brasil e g1.

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