Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro é preso pela PF
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres foi preso na manhã deste sábado (14) pela Polícia Federal (PF). Ele foi detido ao desembarcar no aeroporto de Brasília, após chegar em um voo comercial vindo de Miami, nos Estados Unidos.
O avião com Torres decolou sexta-feira (13), por volta das 23h30, e chegou a Brasília às 7h25 da manhã. Um forte esquema de segurança, envolvendo mais de um comboio, foi montado na saída do aeroporto.
O ex-ministro teve a prisão determinada na última terça-feira (10) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a pedido da PF. Na quarta-feira (11), a corte validou a decisão, por 9 votos a 2.
Anderson Torres é acusado de sabotar a segurança da capital federal, por omissão e facilitação para os atos terroristas em Brasília, no último domingo (8), que resultou na invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF. As suspeitas são de que ele teria exonerado uma série de servidores responsáveis pelo comando da Secretaria de Segurança com objetivo de facilitar as invasões dos bolsonaristas. A denúncia foi feita por Ricardo Capelli, nomeado interventor da segurança pública do DF.
"A secretaria estava acéfala no dia 8. Conversei com o chefe de gabinete do secretário anterior e ele me disse que, para a operação do dia 1º, eles viraram noites e noites dentro dessa sala fazendo planos, checando, indo, voltando. Qual foi o planejamento pro dia 8? O secretário sequer estava aqui e exonerou o comando da secretaria. Houve desmonte do comando da secretaria. O secretário viajou por acaso? Essas ações são coincidência? Não me parece", disse Capelli em entrevista ao Globo.
Enquanto secretário de segurança do Distrito Federal, Torres era responsável pela segurança da Praça dos Três Poderes.
A situação de Torres se complicou ainda mais após a Polícia Federal ter encontrado, em sua casa, uma minuta de decreto de estado de defesa a ser cumprido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O ex-ministro nega participação na tentativa de golpe de Estado. Assim que a decisão de Moraes se tornou pública, Torres postou, nas redes sociais, que se entregaria. Em relação à minuta encontrada em sua casa, ele escreveu que o documento foi vazado “fora de contexto” e que o mesmo iria ser "triturado" quando ele voltasse de viagem.
Preso em quartel da PM
Após ser preso no aeroporto, o ex-ministro de Bolsonaro foi levado a um batalhão da Polícia Militar do DF e deverá prestar depoimento na próxima semana.
À tarde, Torres passou por audiência de custódia, conduzida pelo desembargador Aírton Vieira, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do STF - na audiência, o preso é ouvido por um juiz, que avalia se houve eventuais ilegalidades na prisão.
Torres é o primeiro integrante do governo Bolsonaro preso em consequência dos atos terroristas em Brasília.
Golpismo
Desde que o presidente Lula foi eleito em segundo turno, no final de outubro, apoiadores do ex-presidente Bolsonaro demonstram inconformismo com o resultado do pleito e pedem um golpe militar no país, para depor o governo eleito democraticamente. As manifestações dos últimos meses incluíram acampamentos em diversos quartéis generais do país e culminaram com a invasão e depredação das sedes dos três Poderes, no domingo passado.
Comments