Falas de Mourão de 'embrulhar estômago' chegam à Corte Interamericana
Atualizado: 21 de abr. de 2022

A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados apresentou nesta quarta-feira (20) uma denúncia à presidência da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre as falas do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, ao debochar dos áudios do Superior Tribunal Militar (STM) sobre torturas e assassinatos praticados na ditadura militar.
A líder da bancada do PSOL na Câmara, deputada Sâmia Bomfim, diz que as afirmações de Mourão são "de embrulhar o estômago", minimizam a importância dos áudios históricos e zombam das histórias das pessoas torturadas e mortas pela ditadura.
"Esses negacionistas podem ladrar, mas está mais uma vez provado que houve muita violência no período cruel da ditadura no Brasil. Não podemos aceitar que zombem da triste história de pessoas torturadas e mortas", afirmou, citada pela Folha de S. Paulo.
Questionado por jornalistas sobre o teor das gravações, o general disse não haver o que apurar sobre as violações cometidas durante o golpe. "Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô. Vai trazer os caras do túmulo de volta lá"?, debochou rindo.
O partido pede que as declarações de Mourão sejam incluídas em ação que acusa o governo Jair Bolsonaro de não cumprir sentença que condenou o país por violações de direitos no caso da Guerrilha do Araguaia.
Em outubro do ano passado, Mourão foi incluído em outra denúncia após falar, em entrevista ao Deutsche Welle, que o torturador e coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra era "um homem que respeitava os direitos humanos de seus subordinados".
Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) listou 191 mortos e o desaparecimento de 210 pessoas. Outros 33 desaparecidos tiveram seus corpos localizados posteriormente, num total de 434 pessoas.