Familiares, amigos e fãs se despedem de Nana Caymmi no Rio
- Da Redação
- 2 de mai.
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O corpo da cantora Nana Caymmi, 84 anos, que morreu nessa quinta-feira (1º), foi enterrado na tarde desta sexta-feira (2) no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, após ser velado por familiares, amigos e fãs no Theatro Municipal.
Uma das mais belas vozes da música brasileira - senão a mais bela de todas -, a cantora recebeu última homenagem ao som de "Acalanto", canção de ninar composta por Dorival Caymmi especialmente para a filha quando ainda era criança.
Nascida Dinahir Tostes Caymmi, em 29 de abril de 1941, Nana foi a primogênita de três filhos do casal formado pelo cantor e compositor Dorival Caymmi e pela cantora Stella Maris. O irmão Dori nasceu em 1943 e Danilo em 1948.
Sua morte foi anunciada nas redes sociais pelo irmão, Danilo Caymmi, visivelmente emocionado. Danilo citou “nove meses de sofrimento” da artista, internada em uma UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) da Clínica São José, no Humaitá, na Zona Sul da cidade.
Pouco antes de morrer, a cantora teve seu quadro agravado por uma overdose de opioides na terça-feira (29), dia em que completou 84 anos. Nana teve de fazer reposição de glicose e ajustes na medicação. As informações são do Globo.
Opioides, como a morfina e o fentanil, são uma classe de analgésicos que atuam sobre o sistema nervoso central e usados em quadros severos de dor aguda. Os opioides podem causar diversos efeitos, incluindo alívio da dor, sedação e relaxamento muscular.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, lamentou a morte de Nana Caymmi, destacando a importância da cantora para a cultura brasileira e a sua admiração pelo talento e pela voz da artista. A ministra reconheceu Nana “como uma das maiores intérpretes do Brasil e valorizou a sua contribuição para a memória e a criatividade do país”.
Talento atravessou gerações
O governador do Rio, Cláudio Castro, disse que “o Brasil perde uma grande artista e o Rio de Janeiro uma filha ilustre. A música, uma voz que atravessou gerações. Nana Caymmi nos deixa, mas permanece viva em sua arte — intensa, elegante, verdadeira”.
O texto diz, ainda, que “filha de uma família que construiu a história da nossa música, ela trilhou seu próprio caminho com personalidade e talento raro. Seu canto continuará ecoando com a emoção que sempre nos tocou. Meus sentimentos aos familiares, amigos e admiradores dessa artista que tanto honrou a cultura brasileira”, disse o governador.
O cantor e compositor Djavan afirma disse em sua rede social que “o Brasil perde hoje uma das maiores cantoras, e eu, uma amiga. Descanse em paz, Nana querida. Vamos sentir muito sua falta. Sua voz continuará a tocar nossos corações”.
Outro que se manifestou sobre Nana foi Milton Nascimento. “Recebo com profunda tristeza a notícia da partida dessa grande amiga. Perder Nana Caymmi é perder parte da minha própria história. Recentemente, tenho escutado diariamente a nossa interpretação de Sentinela, [música] que muito me emociona. Nana estará para sempre em meu coração e memória. Descanse em paz, querida amiga.
A cantora Maria Bethânia também comentou a morte da amiga: “Uma perda imensurável para a música brasileira. Descanse em paz, Nana Caymmi!”
Carreira
Conhecida por suas interpretações sofisticadas e emotivas, Nana Caymmi deixou um legado importante para a música brasileira. Ela fez sua estreia como cantora em um disco do pai, com a música Acalanto, que Dorival Caymmi compôs em homenagem a ela quando criança.
Em 1966, Nana venceu a fase nacional do I Festival da Canção, no Maracanãzinho, interpretando Saveiros, de Dori Caymmi e Nelson Motta.
O poder da voz de Nana Caymmi foi reconhecido em 1976, quando ela recebeu o Troféu Villa-Lobos de Melhor Cantora do Ano, conferido pela Associação Brasileira de Produtores de Disco.
Seu álbum Resposta ao Tempo, de 1988, com a música homônima, de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos, foi um de seus maiores sucessos.
Ao longo de sua carreira, Nana Caymmi foi indicada a quatro Grammys Latinos. Ela ganhou em sua primeira indicação, em 2004, pelo álbum Para Caymmi, de Nana, Dori e Danilo, na categoria de Melhor Álbum de Samba/Pagode.
Com a Agência Brasil
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