Flávio Bolsonaro: "fortes indícios" de lavagem de dinheiro
A situação do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) está cada vez mais complicada na área criminal. O Ministério Público Federal encontrou "fortes indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro" envolvendo o senador. A descoberta de que o filho 01 do presidente Jair Bolsonaro adquiriu 19 imóveis desde quando assumiu o primeiro mandato como deputado estadual em 2003 levou o procurador da República Sérgio Pinel, da 2a Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, pedir que o caso seja transferido para o Ministério Público Estadual do Rio, por entender que os prováveis ilícitos encontrados não se configuram em crimes federais. O MP do Rio já investiga desde 2018 o possível esquema de rachadinha no antigo gabinete de Flávio na Alerj e já afirmou ter encontrado evidências de que ele lavou R$ 2,27 milhões com compra de imóveis e em sua loja de chocolates de luxo em shopping na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, segundo informações do jornal O Globo. Ao todo, as investigações já identificaram 37 imóveis adquiridos pelo clã Bolsonaro que podem estar vinculados ao esquema das rachadinhas.
Em sua petição, Sérgio Pinel fez referências, em especial, à compra e venda de dois apartamentos em Copacabana. Segundo o relato, Flávio e sua mulher, Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, compraram um imóvel na Rua Barata Ribeiro por R$ 170 mil em 27 de novembro de 2012. Um ano depois, o imóvel foi vendido por R$ 573 mil, "uma impressionante valorização de mais de 200% em curto período", se surpreendeu o promotor.
Outro imóvel foi o da Av. Prado Junior, comprado por R$ 140 mil e vendido um ano depois por R$ 550 mil, mais uma vez uma valorização superior a 200%.
De acordo com o procurador, "as circunstâncias em que as compras (imóveis) foram feitas sugerem que os registros do valor de compra foram subavaliados, com parte do valor sendo pago por fora, em típico modus operandi de quem pretende ocultar a proveniência ilícita dos recursos e os converter em ativos lícitos com uma valorização irreal dos bens comprados".
Investigação eleitoral
A 2ª Câmara do MPF decidirá ainda sobre outro caso envolvendo o senador. Trata-se do pedido de arquivamento do inquérito eleitoral aberto por suspeitas de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica nas declarações de bens de Flávio Bolsonaro à Justiça eleitoral.
Em 2014 e 2016, o filho 01 declarou ser proprietário de um apartamento no bairro de Laranjeiras, mas atribuiu valores diferentes para o mesmo imóvel em cada ano. Em 2014, ao disputar reeleição na Alerj, Flávio declarou o imóvel com valor de R$ 565 mil, mas dois anos depois, quando disputou a prefeitura do Rio, ele declarou R$ 423 mil, ou seja, metade do patrimônio, que no total teria R$ 846 mil.
O caso será examinado por uma nova composição da 2ª Câmara, agora sob a coordenação de um subprocurador da República, Carlos Frederico dos Santos, indicado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, indicado por Jair Bolsonaro ao cargo sem estar na lista tríplice do MP.
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