Fraude em vacinas: PF apreende R$ 164 mil na casa de ex-prefeito
Suspeito de participar na falsificação do cartão de vacina de Jair Bolsonaro (PL), o secretário de Mobilidade Urbana do Estado do Rio, Washington Reis (MDB), ex-prefeito de Duque de Caxias, foi alvo na manhã desta quinta-feira (4/7), da segunda fase da Operação Venire.
A ação da Polícia Federal apura a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19 nos sistemas do governo federal a partir da Prefeitura de Duque de Caxias. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), conforme apontam as investigações, é suspeito de ser um dos beneficiários do esquema.
Durante as buscas, a PF apreendeu R$ 164 mil em dinheiro vivo na residência de Washington Reis. Outro alvo da operação nesta quinta é a atual secretária de Saúde do município, Célia Serrano. O objetivo da PF é identificar novos beneficiários do esquema. O irmão do ex-prefeito, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), já era investigado no caso.
A segunda fase da operação é resultado de um pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) para aprofundamento das investigações, após o relatório final do caso das vacinas, em março, onde a PF havia indiciado o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros envolvidos nas fraudes em certificados de vacina. Entre eles, o tenente-coronel Mauro Cid, que em delação premiada afirmou ter sido o próprio Bolsonaro que ordenou a inserção de dados falsos para comprovar a imunização.
A PF, agora, vai devolver o caso das fraudes de vacina envolvendo Jair Bolsonaro ao STF para que a PGR defina se apresenta denúncia contra o ex-presidente. Além disso, a PF deverá abrir uma nova investigação para analisar outros dados da prefeitura de Duque de Caxias e identificar demais suspeitas de inserção ilegal de dados.
Washington Reis e Bolsonaro sempre foram próximos. O ex-prefeito apoiou a candidatura do ex-presidente em 2018 e em 2022. Durante a pandemia, seguiu a cartilha negacionista e descumpriu decisões judiciais que obrigavam o município de Duque de Caxias a respeitar o Plano Nacional de Imunização na campanha de vacinação.
Comentários e notas
Em nota nas redes sociais, Washington Reis comentou a presença dos agentes da PF em sua casa.
"Como figura pública com mais de 32 anos de atuação política, estou ciente dos desafios enfrentados pelo nosso país em meio a uma polarização política intensa", escreveu. Reis classificou a operação como "covardia" em ano eleitoral.
Também em nota, a Prefeitura de Duque de Caxias afirmou que a segunda fase da operação não mirou a cidade:
"Com relação aos mandados dirigidos a pessoas físicas, a prefeitura não se manifestará considerando o sigilo que recobre os atos nesta manhã realizados".
O governo do Estado do Rio declarou que "não existe nada referente ao Governo do Rio na investigação e nem fatos que comprometam a conduta do secretário Washington Reis". A operação da PF, complementa a nota, tinha como alvo "único e exclusivo a obtenção de cartões de vacinação relacionados ao município de Duque de Caxias em 2022".
Já a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro não se manifestou até o momento, assim como ele próprio não tocou no assunto nas redes. De qualquer modo, os advogados já negaram anteriormente o envolvimento do ex-presidente nos dados falsos de vacina e afirmaram, na época da conclusão das investigações, em março, que Jair Bolsonaro não ordenou as fraudes e nunca se vacinou contra a covid-19.
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