Frente Parlamentar vai substituir CPI da Covid

Nesta terça-feira (12), ficou decidido que a CPI da Covid vai se transformar em uma Frente Parlamentar Observatório da Pandemia de Covid-19.
O projeto terá previsão regimental para sua instalação e usará as dependências do Senado para as reuniões. O quadro de participantes, inicialmente, será formado por senadores, mas poderá contar com a colaboração de organizações da sociedade civil.
A frente terá quatro objetivos principais para não deixar correr frouxo o trabalho feito até agora pela comissão parlamentar de inquérito (CPI), no Senado: fiscalizar os desdobramentos das investigações; cobrar e responsabilizar todos os acusados pelo agravamento da crise sanitária; receber novas informações e denúncias sobre irregularidades no combate à pandemia; e propor alterações legislativas que ajudem o Brasil a fortalecer o SUS e a se preparar para novas epidemias.
Entretanto, parlamentares a favor do governo, como o senador Marcos Rogério (DEM-RO), criticaram a medida. Para o senador, o objetivo é de apenas perseguir o presidente Bolsonaro - que passou a ser o principal alvo das investigações da CPI a partir de depoimentos que confirmaram a gestão fraudulenta da pandemia por parte do governo, sobretudo no que se refere à imposição de medicamentos sem eficácia contra a covid-19 e às denúncias de corrupção em contratos de aquisição de vacinas.
Queiroga dispensado
O comando da CPI da Covid decidiu que o cronograma para os últimos dias de trabalho da comissão não terá o depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que estava inicialmente previsto para os próximos dias mas foi dispensado. No lugar do que seria o terceiro depoimento de Queiroga, a CPI pretende convocar o médico Carlos Carvalho, responsável por coordenar um estudo com parecer contrário ao uso dos remédios do chamado "kit covid". Na semana passada, o estudo seria avaliado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec), mas teria sido retirado da pauta do órgão por influência de Bolsonaro, defensor do kit como "tratamento precoce" contra a doença, com remédios como cloroquina, ivermectina e azitromicina, cientificamente comprovado ineficazes contra o coronavírus.
A comissão deve realizar uma reunião extraordinária na próxima sexta-feira (15) para votar o requerimento de convocação do médico.
“Pela conversa que tivemos com o doutor Carlos, nós julgamos que o depoimento dele é o mais importante. Vai botar uma pedra em definitivo nesse assunto, e ele tem uma posição muito contundente contra a cloroquina. Além do mais, o depoimento dele tornará público o que a Conitec tem de resolver”, disse ao G1 o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).