Fuga de Weintraub é um mistério
Com risco de ser preso por responder a dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) – um, por ter pedido a prisão dos “vagabundos do Supremo Tribunal Federal” e, outro, por suas ligações ao esquema de ataques às instituições e de disseminação de fakenews -, o ex-ministro Abraham Weintraub conseguiu uma fuga misteriosa para os Estados Unidos, na noite desta sexta-feira para a manhã deste sábado (20).
Sua saída de Brasília e chegada à Miami deixa um lastro de dúvidas e perguntas que só a Polícia e a Justiça poderão a essa altura questionar para obter respostas.
"Obrigado a todos pelas orações e apoio. Meu irmão está nos EUA”, escreveu no Twitter seu irmão Arthur, às 9h07 desta manhã.
Sua exoneração, contudo, só foi publicada pouco antes de meio dia na versão eletrônica do Diário Oficial, depois de divulgada essa informação pelo irmão de que ele já estava nos Estados Unidos.
Arthur Weintraub teria dito também que o irmão chegou a Miami em voo comercial.
Como Weintraub teria chegado dessa forma aos Estados Unidos, se o governo Trump, por conta do novo coronavírus, suspendeu os voos comerciais de e para o Brasil?
Até a sua exoneração ser publicada na edição extra do Diário Oficial da União, Weintraub ainda era oficialmente ministro e, com direito a passaporte diplomático, poderia entrar sem problema nos EUA em missão oficial. Inclusive, por ter direito a visto especial, também não precisaria fazer quarentena para entrar no país.
Se não foi por uma companhia aérea, então ele teria saído do Brasil em um jato particular? De propriedade de quem? Quem pagou essas despesas para o ainda ministro da Educação?
Se não foi em jato particular, Weintraub voou em avião da Força Aérea Brasileira (FAB)? Quem teria autorizado essa operação?
Como Weintraub se apresentou no aeroporto de Miami? Teria se apresentado como ministro do Brasil ou como funcionário – que ainda não é – do Banco Mundial?
O que todas essas dúvidas revelam é que de fato uma “operação secreta" teria sido organizada na calada da noite para dar fuga ao ministro demissionário. E, neste caso, sugere uma nova pergunta: quem teria autorizado tal operação?
A assessoria de imprensa do Ministério da Educação informou que a viagem de Weintraub já estava relacionada com o novo cargo que ele deve ocupar no Banco Mundial.
Prisão para Weintraub
O senador Randolfe Rodrigues (Rede) cobrou neste sábado (20) a prisão de Abraham Weintraub.
“Não pedimos a prisão de Weintraub à toa. Sabemos sua índole. Se está nos EUA, está fugindo. A utilização do passaporte diplomático de ministro foi ilegal, além de imoral. Desvio de finalidade. Como fugitivo internacional que é, Weintraub deve ser deportado ao Brasil e ser preso!”, afirmou o senador em rede social.
"Confissão de culpa"
Para a deputada Érika Kokay (PT-DF), a fuga do ex-ministro para os EUA “é confissão de culpa”.
"O pior ministro da Educação da história já deixou o Brasil e está nos EUA, dizem irmão e assessoria do MEC. A fuga em tempo recorde é confissão de culpa. Não pode ficar impune!", afirmou a parlamentar em suas redes sociais.
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