General diz à PF que manteve acampamento em Brasília por ordem de Bolsonaro
Atualizado: 6 de mar. de 2024

O ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que não interferiu na manutenção do acampamento montado em frente ao quartel-general do Exército no Distrito Federal por ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As informações são da CNN Brasil.
No dia 11 novembro de 2022, antes do segundo turno das eleições presidenciais, Freire Gomes e os então comandantes da Marinha, almirante Almir Garnier, e da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, tinham assinado uma nota intitulada "Às Instituições e ao Povo Brasileiro", na qual chamavam os acampamentos bolsonaristas a favor de um golpe militar contra a democracia brasileira de "manifestações populares".
Quase dois meses depois, em 29 de dezembro, às vésperas do fim do mandato de Bolsonaro, o general Gustavo Henrique Dutra - então à frente do Comando Militar do Planalto - determinou o fim do acampamento em Brasília.
A determinação, no entanto, foi suspensa por Freire Gomes. No mesmo dia, ele ligou para o general e proibiu qualquer interferência no acampamento. Segundo disse à PF, a mando do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na última sexta-feira (1º) Freire Gomes prestou depoimento à PF na condição de testemunha.
O testemunho do ex-comandante é um dos pontos sensíveis da investigação que apresenta mais um elo entre o ex-presidente e a tentativa de golpe de Estado. O general também confirmou aos investigadores ter presenciado reuniões para discutir termos de minutas de decretos golpistas - que previa a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal e a suspensão da posse do presidente Lula. A realização de reuniões golpistas foi revelada pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, em sua delação premiada à PF. Com esses depoimentos, a delação de Cid vai se confirmando.
No entanto, integrantes da cúpula militar ouvidos pela CNN Brasil consideram que a postura colaborativa do ex-comandante é uma espécie de "delação premiada" particular do general. O prêmio seria reparar danos à própria imagem e também da instituição.
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