Gilmar Mendes critica uso da Bíblia em voto no STF

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta quarta-feira (7) a votação sobre a liberação de cultos religiosos presenciais durante a pandemia. O julgamento foi interrompido após o voto do ministro Gilmar Mendes contra a liberação e fazendo duras críticas ao advogado-geral da União (AGU), André Mendonça, e ao procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras.
“Não fosse essa decisão, o nosso quadro sanitário estaria muito provavelmente pior do que se encontra", disse Mendes. O julgamento será retomado nesta quinta-feira (8)
O julgamento foi a plenário depois de uma decisão liminar do ministro Kassio Nunes, na semana passada, que proibiu prefeitos e governadores de vetarem a realização de cerimônias religiosas. A liminar foi derrubada na segunda-feira (5) por Gilmar Mendes, que se baseou em uma decisão do próprio STF que atribuiu aos estados e municípios autonomia para tomar medidas restritivas para conter a disseminação da Covid-19 em suas regiões.
Trechos da Bíblias e nada da Constituição
Ao fazer a defesa dos cultos presenciais, mesmo neste momento mais catastrófico da pandemia com recordes de mortes causadas pela doença, o advogado-geral André Mendonça citou três trechos da Bíblia e nenhum da Constituição Federal.
"Registra-se ali, após Jesus confiar ao apóstolo Pedro ser a pedra fundamental da sua igreja, que os cristãos, no capítulo 2, diariamente perseveravam no templo, partiam o pão de casa em casa, tomavam suas refeições em conjunto, louvando a Deus e contando com a simpatia do povo", disse Mendonça.
Em seguida, lembrou cristãos que eram "recolhidos à prisão" para criticar o impedimento dos cultos presenciais ante o genocídio brasileiro.
E citou ainda: "Jesus Cristo, conforme relata São Mateus, disse: 'Por onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estarei em nome deles'."
Sem mencionar trechos da Constituição Federal, Mendonça disse apenas que as medidas de