Governo cancela Censo que norteia políticas públicas
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O governo federal confirmou nesta sexta-feira (23) que o Censo Demográfico não ocorrerá neste ano por falta de verbas no orçamento - embora não tenha faltado para emendas parlamentares. De acordo com o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, o Orçamento de 2021 não prevê recursos para a pesquisa. A pandemia já havia adiado a pesquisa domiciliar em 2020.
"Não há previsão orçamentária para o censo. Portanto, ele não se realizará em 2021. As consequências e gestão para um novo censo serão comunicadas ao longo deste ano, em particular em decisões tomadas na Junta de Execução Orçamentária", afirmou o secretário, citado pelo G1.
O Orçamento 2021 foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (22) sem os recursos para a realização do Censo.
Na tramitação do projeto no Congresso Nacional, a maioria governista já havia cortado os valores destinados ao censo: de R$ 2 bilhões para apenas R$ 71 milhões.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, já havia informado, em março, que o corte previsto no projeto do Orçamento inviabilizaria a realização do censo em 2021.
Após o corte de verbas no Congresso, a então presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, pediu exoneração do cargo.
O censo é realizado a cada dez anos e é fundamental para levantar dados sobre as características da população brasileira, como condições de vida, emprego, renda, acesso a saneamento, saúde e escolaridade, entre outros, essenciais para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas e para realização de investimentos públicos e privados. O último ocorreu em 2010.
'Uma catástrofe para o país'
Roberto Luís Olinto, ex-presidente do IBGE (2017 a 2019), classificou como 'uma catástrofe para o país' o cancelamento da principal pesquisa, que baliza tantas outras importantes para a cidadania. "Todo o planejamento do país necessita de a cada dez anos de um detalhe minucioso no nível municipal do país, para tomada de decisões com capacidade de olhar o detalhe. É uma tragédia, um apagão, inaceitável. No mundo, não se acredita que o Brasil pode ter chegado a esse ponto. Se perdeu a noção de país", disse.