Governo Lula libera recursos para projeto nuclear, revela setor
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Governo Lula libera recursos para projeto nuclear, revela setor


(Foto: Divulgação/Marinha do Brasil)

O presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha, revelou nesta semana à Sputnik Brasil que projetos do setor devem ser mantidos sob o novo governo Lula.


"Não existem barreiras políticas para avançar nos projetos da área nuclear", disse Celso Cunha à Sputnik Brasil. "Se pegarmos a retrospectiva, foi Lula quem reativou as obras de Angra 3, em seu primeiro mandato. A Dilma, que é do mesmo grupo político, foi quem lançou o programa para construção de quatro novas usinas nucleares."


Segundo Cunha, Lula também aponta para a manutenção dos projetos das Forças Armadas relacionados à energia nuclear.


"Durante a reunião que Lula teve com os comandantes das Forças [Armadas], o presidente reafirmou o compromisso com o programa do submarino nuclear", revelou Cunha. "Afinal, seria um contrassenso ele descontinuar um projeto que ele mesmo quem lançou."


O projeto do submarino nuclear, a cargo da Marinha brasileira, demandará cerca de R$ 2,5 bilhões adicionais em 2023, conforme reportou o jornal Estado de São Paulo.


O principal indicativo de que os projetos nucleares serão mantidos na pauta do governo foi o relançamento do projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), na terça-feira (24).

Presidente Lula se reúne com comandantes das FAs e representantes da indústria (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Durante visita à Argentina, a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, reafirmou o compromisso com o projeto, que visa a produção de radioisótopos brasileiros para uso na medicina e pesquisa científica.


"A ministra, que é uma pessoa de esquerda [...] já disse da onde virá o dinheiro: são US$ 500 milhões a serem investidos em 47 meses, aportados via o Fundo de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia", revelou Cunha.


Segundo o presidente da ABDAN, "este fundo foi contingenciado pelo governo anterior, e por isso não podia ser gasto. Era um dinheiro que estava parado, mas agora pode ser utilizado".


O projeto executivo do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) foi feito graças à parceria entre a empresa brasileira Amazônia Tecnologias de Defesa S.A (AMAZUL) e a argentina INVAP.


"Os recursos para a terraplanagem e arruamento do espaço já estão disponíveis", disse Cunha. "Então o ano já nasceu com dinheiro para começar, enquanto são feitas as tratativas para a liberação do dinheiro do Fundo de Ciência e Tecnologia."


O reator será construído em Iperó, no estado de São Paulo, próximo à base da Marinha brasileira de Aramar.


Cooperação internacional

A pauta nuclear teve destaque durante a viagem do presidente Lula à Argentina, entre os dias 23 e 24 de janeiro.


"Brasil e Argentina sempre tiveram um alinhamento muito forte na área nuclear", disse Cunha à Sputnik Brasil. "Somos os únicos países do mundo que conta com agência conjunta regional, a ABACC, que faz o controle do setor nuclear dos dois países."


O presidente da ABDAN aponta, no entanto, que o aprofundamento da cooperação nuclear com o vizinho sul-americano deve ser acompanhado de "equalização financeira". Para ele, "os projetos precisam ser realizados de maneira que seja vantajosa financeiramente para ambas as partes, tanto do ponto de vista tributário, quanto mercadológico".


A expectativa do setor é que a cooperação com a Rússia também seja mantida sob o novo governo Lula. Em outubro de 2022, a empresa estatal brasileira de energia nuclear, ENBPar, assinou com a sua homóloga russa, a Rosatom, um memorando de entendimento para aprofundar a cooperação em áreas como construção, operação e descomissionamento de novas usinas nucleares de alta capacidade no Brasil.


Em dezembro de 2022, a subsidiária da Rosatom, Internexco GmbH, fechou contrato para a comercialização de produtos de urânio com a estatal brasileira Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB).


Segundo a Rosatom, "o contrato foi resultado de uma licitação internacional aberta" e é seu "o primeiro contrato de longo prazo com o Brasil para o fornecimento de produtos de urânio enriquecido".


"O Brasil tem uma característica que não vai mudar: estamos abertos para trabalhar com todos", garantiu Cunha. "Não há contrassenso, são questões puramente comerciais."


O presidente da ABDAN confirmou que o Brasil comercializa combustível nuclear com a Rosatom, e afirmou que "praticamente todos os países do mundo" com capacidade nuclear também o fazem.

"Sem o combustível da Rosatom, nem os EUA conseguiriam manter suas 97 usinas nucleares em operação", considerou Cunha.


A Rosatom também é fundamental para o fornecimento mundial de radioisótopos para uso na medicina e diagnóstico.


"A Rosatom vende radioisótopos para o Brasil que nós não produzimos nacionalmente. Infelizmente, poucos países produzem radioisótopos e a produção total está aquém da demanda mundial", declarou Cunha. "Então não tem por que não fazer negócios."


O lado russo também demonstra interesse em manter o relacionamento com o Brasil de Lula. Durante visita à Brasília para a posse do presidente brasileiro, o senador russo Konstantin Kosachev revelou à Sputnik Brasil que durante conversa entre Lula e a presidente do Conselho da Federação da Rússia, Valentina Matvienko, as partes expressaram comprometimento em manter e ampliar o comércio e diversificar a cooperação bilateral.

Presidente da câmara alta do Parlamento russo, Valentina Matvienko, na posse de Lula (Foto: Ricardo Stuckert)

"O Brasil tem o intuito de trabalhar com todos, e tudo indica que a diplomacia brasileira vai seguir nesse rumo. [...] Se o lema é 'O Brasil voltou', tanto na área ambiental como nos fóruns econômicos, podemos dizer que ele voltou de braços abertos", concluiu o presidente da ABDAN.


Fonte: Agência Sputnik

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