Gripezinha já matou quase 4 vezes mais que todas as tragédias do século
Nesta primeira quadra do século 21 o Brasil viveu grandes tragédias que chocaram o país e ainda estão gravadas na memória da população, como as chuvas que arrasaram, em 2011, a região serrana fluminense, causando a morte de quase mil pessoas, e mais recentemente, em janeiro de 2019, o rompimento da barragem de Brumadinho, onde até hoje ainda há corpos soterrados.
Nada, porém, pode ser comparado ao horror do surto de coronavírus, chamado de “gripezinha” pelo presidente Jair Bolsonaro em sua cruzada incansável para sabotar as estratégias de contenção das autoridades sanitárias. Decorrido pouco mais de um mês e meio desde a primeira morte provocada pela Covid-19, no dia 17 de março, o país já contabilizou, até esta quarta-feira, 6 de maio, 8.536 vítimas fatais da doença. Isso representa quase quatro vezes mais do que o total de 2.226 mortes provocadas oficialmente pelas nove maiores tragédias brasileiras neste século, segundo levantamento do TODA PALAVRA.
Com exceção da Guerra do Paraguai no século 19, quando morreram 50 mil brasileiros, nenhum conflito bélico, desde a Independência do Brasil, deixou um saldo de mortos da grandeza da atual pandemia. Durante a Segunda Guerra Mundial, 462 pracinhas perderam a vida nos campos da Itália, entre setembro de 1944 e maio de 1945. Antes disso, em 1932, a Revolução Constitucionalista havia provocado a morte de 934 combatentes - a maioria paulistas - nos 87 dias de batalhas (de 9 de julho a 4 de outubro), segundo dados oficiais (alguns historiadores chegam a falar em 2.200 mortos).
Com números oficiais sabidamente inferiores à realidade, o enfrentamento ao coronavírus pode vir a se transformar - considerando, ainda, os efeitos devastadores sobre a economia do país - na maior batalha do povo brasileiro pela sua sobrevivência. De longe, esta já é a maior tragédia do século.
Recorde, a seguir, as principais tragédias dos anos 2000:
Naufrágio (AP) – O barco de passageiros Anna Karoline 3 afundou na madrugada de 29 de fevereiro de 2020, em trecho do Rio Amazonas, no Amapá, causando a morte de 33 passageiros.
Brumadinho (MG) – O rompimento da barragem, sob responsabilidade da Vale do Rio Doce, foi considerado o maior acidente de trabalho no Brasil em perda de vidas humanas e segundo acidente industrial mais mortífero no século 21 no mundo . Ocorreu em 25 de janeiro de 2019, e causou a morte de 259 pessoas.
Mariana (MG) – O rompimento de uma barragem da mineradora Samarco, em 05 de novembro de 2015, foi o maior desastre ambiental da história do país. 19 pessoas morreram.
Boate Kiss (RS) – O incêndio na boate, na cidade de Santa Maria (RS), matou 242 pessoas. A tragédia ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, e foi provocada por
imprudência e por más condições de segurança.
Serra Fluminense (RJ) – Na madrugada de 12 de janeiro de 2011, um forte temporal de longa duração destruiu milhares de casas em sete cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, provocando a morte de 918 pessoas.
Bumba (Niterói) – Na noite do dia 7 de abril de 2010, um deslizamento de terra provocado por fortes chuvas soterrou centenas de casas na favela do Morro do Bumba, em Niterói, causando 267 mortes.
Santa Catarina – Cinquenta e quatro municípios foram arrasados por enchentes e desabamentos que duraram uma semana, em novembro de 2008. 135 pessoas morreram.
Voo da TAM (SP) – O acidente aéreo com mais mortes na história da aviação brasileira ocorreu em 17 de julho de 2007. Um Airbus não conseguiu frear na pista do Aeroporto de
Congonhas, atravessou a Avenida Washington Luís e colidiu com um prédio e um posto de gasolina. Morreram 199 pessoas.
Voo da Gol (MT) – Em 29 de setembro de 2006, um Boeing 737 da Gol se despedaçou e caiu ao colidir no ar com um Embraer Legacy 600 enquanto sobrevoava o estado de Mato Grosso. Apenas os passageiros e tripulantes do Boeing morreram: 154 pessoas.
Recordes de mortes e novos casos
O Brasil bateu nesta quarta-feira (6) um novo recorde de mortes e casos confirmados notificados em 24h. Entre ontem e hoje, foram registrados mais 10.503 pessoas infectadas e 615 novos óbitos por covid-19. O número de pacientes recuperados é de 51.370.
No total, o país chegou a 125.218 casos confirmados de covid-19, um aumento de 9% em relação a ontem, quando foram registradas 114.715 mil pessoas nessa condição. De acordo com o Ministério da Saúde, deste total, 65.312 estão em acompanhamento (52,2%%) e 51.370 (41%) já foram recuperados, deixando de apresentar os sintomas da doença. Ainda são investigadas 1.643 mortes.
O total de mortes subiu para 8.536. A marca representou um acréscimo de 9% em relação a ontem, quando foram contabilizados 7.921 falecimentos. A letalidade é de 6,8%.
Luto em São Paulo e restrições no Rio
São Paulo se mantém como epicentro da pandemia no país, concentrando o maior número de falecimentos (3.045). O governador João Dória decretou luto oficial e confirmou o decreto que torna obrigatório o uso de máscaras em todo estado a partir de amanhá.
O estado é seguido pelo Rio de Janeiro (1.205), Ceará (848), Pernambuco (803) e Amazonas (751). Na cidade do Rio, o prefeito Marcelo Crivella anunciou o fechamento, por sete dias, do Calçadão de Campo Grande, bairro que concentra o maior número de casos e de mortes na capital fluminense. Além disso, foram registradas mortes por covid-19 no Pará (392), Maranhão (291), Bahia (160), Paraná (101), Espírito Santo (145), Minas Gerais (97), Paraíba (92), Rio Grande do Sul (97), Alagoas (89), Rio Grande do Norte (72), Santa Catarina (59), Amapá (56), Goiás (45), Distrito Federal (34), Acre (33), Piauí (30), Sergipe (23), Rondônia (33), Mato Grosso (13), Roraima (13), Mato Grosso do Sul (10), e Tocantins (9).
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