Guardiões do Crivella: até diretor de hospital sabia
Profissionais da saúde que trabalham em hospitais municipais do Rio afirmam que diretores também sabiam da prática dos Guardiões do Crivella, pagos para impedir reportagens sobre denúncias e reclamações contra o atendimento nas unidades de saúde. Sem se identificar, um funcionário do Hospital Salgado Filho, no Méier, contou que esses servidores da Prefeitura marcam ponto na porta da unidade desde 2018, inclusive no período mais crítico da pandemia do novo coronavírus. Segundo um técnico de enfermagem, que trabalha no local há mais de 30 anos, a prática já era conhecida por todos os profissionais, inclusive da direção do hospital.
"Eles estão sempre aqui há dois anos. Na tentativa de acobertar as irregularidades, eles (a prefeitura) contrataram esses “seguranças”. São arbitrários e intimidam todo mundo. É uma prática em vários hospitais: zonas Oeste, Norte e Sul", disse, pedindo para não ser identificado.
Na terça-feira, dia seguinte à denúncia da TV Globo, viaturas da Operação Segurança Presente permaneceram em frente ao Salgado Filho.
Ameaças
Testemunhas ouvidas pela equipe do "Bom Dia Rio" afirmam que as pessoas que tinham o papel de ficar nas portas dos hospitais eram cobradas e vigiadas pelos líderes dos guardiões. Marcos Luciano, o ML, assessor especial do gabinete do prefeito era o mais temido de todos "porque o tempo todo ameaçava de demissão", segundo uma testemunha.
Os que conseguiam impedir a reportagem tinham a atuação fartamente elogiada e comemorada nos grupos de Whatsapp dos Guardiões do Crivella.
Impeachment
A Câmara de Vereadores vai votar nesta quinta-feira (3) a abertura de um processo de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella. O presidente da Casa, Jorge Felippe (DEM-RJ), decidiu levar o pedido ao plenário, após pareceres favoráveis da Procuradoria e da Secretaria Geral da Mesa Diretora. Foram apresentados dois pedidos de cassação de Crivella: um pela deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ), pré-candidata à Prefeitura do Rio, e outro pelo vereador Átila Nunes (DEM-RJ).
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