"Guardiões" podem levar Crivella ao impeachment
A Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpriu nesta terça-feira (1°) nove mandatos de busca e apreensão ligados ao caso dos "Guardiões do Crivella", grupos de funcionários da prefeitura que fazem plantão na porta de hospitais para impedir o trabalho da imprensa. Notebooks, celular, dinheiro, cheques, contratos e um pacote escrito "Crivella" foram apreendidos em um endereço ligado a Marcos Paulo de Oliveira Luciano, o ML, assessor especial do gabinete do prefeito Marcelo Crivella desde 2017. Também nesta terça-feira (1), o Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou um inquérito para investigar o caso e o PSOL protocolou um pedido de abertura de processo de impeachment contra o prefeito na Câmara de Vereadores que será colocado em votação na quinta-feira (3).
Marcos Luciano, ML, é apontado como chefe da rede. Ele aparece em grupos de Whatsapp dando ordens a outros assessores, no grupo "Guardiões do Crivella". ML ganhava em julho R$ 10,5 mil, recebeu um aumento e passou a receber R$ 18 mil de salário em agosto, segundo o G1.
Ataque institucionalizado
Para a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, o uso dos assessores para atacar o trabalho da imprensa mostra como o ataque ao jornalismo está institucionalizado no país. Braga acredita que Crivella precisa ser "responsabilizado como gestor público, que utiliza recursos públicos, financeiros e humanos em uma ação ilegal".
"O trabalho da imprensa incomoda normalmente quando é bem feito. E o que significa isso? Um dos grandes papéis do jornalismo é trazer para a esfera pública as informações de interesse público. Ocorre que muitas vezes esses interesses públicos estão sendo vilipendiados por pessoas privadas em razão de interesses privados. Ao mostrar isso, os jornalistas geram uma reação e, no caso do Brasil e de alguns lugares da América Latina, uma reação violenta dessas pessoas que estão se beneficiando de ilegalidades", afirma a presidente da Fenaj à Sputnik Brasil.
Exemplo Bolsonaro
Ainda de acordo com Braga, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que recentemente ameaçou agredir um repórter quando perguntado sobre Fabrício Queiroz, é o "principal agressor de jornalistas e de veículos de comunicação".
"Nós da Fenaj temos dito que desde a posse do presidente Jair Bolsonaro, em 1° de janeiro de 2019, houve uma institucionalização da violência contra os jornalistas e contra a imprensa de uma forma geral, essa institucionalização se deu primeiramente pela presidência da República. O presidente é o principal agressor de jornalistas e de veículos de comunicação generalizadamente. Somente no primeiro semestre deste ano, o presidente desferiu 245 ataques à jornalistas ou a veículos de comunicação. Isso é gravíssimo", avalia Braga.
Com a Sputnik
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