Guerra na Faixa de Gaza tornou o enclave inabitável, alerta ONU
A comunidade internacional deve usar "toda a sua influência" para acabar com a guerra na Faixa de Gaza, disse Martin Griffiths, subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Segundo Griffiths, as hostilidades que já duram há três meses, tornaram o enclave palestino "inabitável", com o povo de Gaza enfrentando ameaças diárias à sua própria existência.
O alto representante da Organização das Nações Unidas disse que dezenas de milhares de palestinos foram mortos ou feridos, enquanto as áreas para as quais eles foram orientados a se mover por segurança "foram bombardeadas", sublinhando que tudo isso acontece "enquanto o mundo assiste".
"Gaza tem nos mostrado o pior da humanidade", disse Griffiths, observando que "a violência não pode resolver as diferenças".
"Um desastre de saúde pública está se desenrolando", acrescentou, citando a propagação de doenças infecciosas nos abrigos superlotados do enclave, enquanto as redes de canalização de esgotos não aguentam e acabam transbordando.
"É hora de as partes cumprirem todas as suas obrigações ao abrigo do direito internacional" para proteger civis e libertar reféns, argumentou Griffiths, pedindo aos líderes mundiais que usem toda a sua influência para "fazer isso acontecer". "Essa guerra nunca deveria ter começado. Mas já passou muito da hora para ela acabar", disse ele.
No final de novembro, Israel e o movimento Hamas concordaram com um cessar-fogo de uma semana, durante o qual 108 reféns israelenses foram libertados em troca de Israel libertar alguns prisioneiros palestinos.
Brasil critica autoridades de Israel
Na noite de sexta-feira (5), o Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu uma nota em que critica as recentes declarações de autoridades de Israel defendendo a emigração dos palestinos da Faixa de Gaza. O Itamaraty considerou que essa posição viola o direito internacional e prejudica a possibilidade de paz. Isso porque dois ministros de Israel defenderam, nos últimos dias, o deslocamento da população de Gaza para outros países.
“O governo brasileiro tomou conhecimento, com preocupação, de recentes declarações de autoridades do governo de Israel que desejam promover a emigração da população palestina da Faixa de Gaza para outros países, assim como o restabelecimento de assentamentos israelenses naquele território”, informou o Itamaraty.
Ainda segundo o governo brasileiro, “ao proporem medidas que constituem violações do Direito Internacional, declarações dessa gravidade aprofundam tensões e prejudicam as perspectivas de alcançar a paz na região”. O direito internacional proíbe o deslocamento forçado de populações e a aquisição de territórios por meio da guerra.
No dia 31 de dezembro, em entrevista a uma rádio de Israel, o ministro das Finanças do país, Bezalel Smotrich, defendeu a emigração dos palestinos de Gaza. Segundo ele, “se houver 100 mil ou 200 mil árabes em Gaza e não 2 milhões de árabes, toda a discussão no dia seguinte será totalmente diferente”.
O ministro israelense completou que, somente assim, Israel poderia “fazer o deserto florescer, isso não acontece às custas de ninguém”, segundo noticiou a agência Reuters. Essa mesma posição foi defendida pelo ministro da Segurança de Israel, Itamar Bem-Gvir.
Além do Brasil, a União Europeia, países árabes, a Organização das Nações Unidas (ONU) e os Estados Unidos (EUA) criticaram as declarações do ministro israelense. Segundo o Departamento de Estado norte-americano, a fala seria “inflamatória e irresponsável”.
“Temos sido claros, consistentes e inequívocos ao afirmar que Gaza é terra palestiniana e continuará a ser terra palestiniana, com o Hamas já não a controlar o seu futuro e sem grupos terroristas capazes de ameaçar Israel”, afirma o governo dos EUA.
De acordo com o Escritório de Direitos Humanos da ONU (Ocha), continuam os pesados bombardeios em Gaza, tanto no sul, quanto no norte e no centro do enclave palestino. Estima-se que 1,9 milhão de pessoas, ou seja, 85% da população de Gaza, tenham abandonado suas casas devido à guerra.
Além disso, mais de 1,1 milhão de crianças palestinas correm o risco de morrer por doenças evitáveis e falta de água e alimentos em Gaza, segundo denunciou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), nessa sexta-feira (5).
Desde o dia 7 de outubro, quando começaram as atuais hostilidades no Oriente Médio, 22,6 mil palestinos foram assassinados, sendo 70% de mulheres e crianças. Outros 57,9 mil palestinos estão feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Do lado israelense, morreram 1,2 mil pessoas no ataque do Hamas do dia 7 de outubro. Outros 173 soldados de Israel teriam morrido nos conflitos contra o Hamas em Gaza, além de 1.020 soldados feridos, segundo o Exército israelense.
Com a Agência Sputnik e a Agência Brasil
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