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Hacker diz que Bolsonaro lhe prometeu indulto caso fosse preso


O hacker Walter Delgatti Neto presta depoimento à CPI do Golpe (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Em depoimento nesta quinta-feira (17) à CPMI do 8 de janeiro (CPI do Golpe), o hacker Walter Delgatti Neto disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lhe propôs forjar um ataque a urnas eletrônicas e assumir um suposto grampo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Em troca, segundo o hacker, Bolsonaro assegurou indulto caso fosse preso.


Segundo Delgatti, o pedido e a promessa foram feitas próximo às eleições do ano passado, e que Bolsonaro o teria informado que agentes “de outro país” teriam conseguido grampear o ministro e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Questionado pela relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD), se recebeu garantia de proteção do ex-presidente, Delgatti respondeu:


"Sim, recebi. Inclusive, a ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal [no caso, o ex-deputado bolsonarista Daniel Silveira]. E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a Internet e trabalhar, eu visava a esse indulto", afirmou o hacker de acordo com o G1.


O encontro no Palácio da Alvorada, segundo ele, foi intermediado pela deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), e o hacker afirma que o ex-presidente questionou se ele conseguiria invadir urnas eletrônicas, para testar a lisura dos equipamentos.


"Apareceu a oportunidade da deputada Carla Zambelli, de um encontro com o Bolsonaro, que foi no ano de 2022, antes da campanha. Ele queria que eu autenticasse [...] autenticasse a lisura das eleições, das urnas. E por ser o presidente da República, eu acabei indo ao encontro. [...] Lembrando que eu estava desamparado, sem emprego, e ofereceram um emprego a mim. Por isso que eu fui até eles", acrescentou.


Delgatti também disse que o pedido de Bolsonaro para que ele assumisse a autoria do grampo foi feito por telefone quando ele encontrou Zambelli em um posto de combustível na rodovia Bandeirantes, em São Paulo. Segundo Delgatti, a deputada pegou um celular novo, inseriu um chip que ele acredita nunca ter sido utilizado, e o então presidente entrou em contato.


"[...] Nisso eu falei com o presidente da República e, segundo ele, eles haviam conseguido um grampo – que era tão esperado à época – que era do ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, esse grampo foi realizado já, teria conversas comprometedoras do ministro e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo", disse o hacker.


Delgatti explicou que à época sua imagem estava atrelado às mensagens que ele obteve de promotores da Lava Jato: "Então seria difícil a esquerda questionar essa autoria, porque lá atrás eu havia assumido a Vaza Jato e eles apoiaram [...] a ideia seria o garoto da esquerda assumir esse grampo", continuou.


Delgatti afirmou que não teve acesso ao grampo, mas que aceitou o pedido de Bolsonaro de assumir a responsabilidade pelo suposto equipamento usado para monitorar Moraes. “Ele disse no telefonema que esse grampo foi realizado por agentes de outro país. Não sei se é verdade, se realmente aconteceu o grampo porque não tive acesso a ele. E disse que, em troca, eu teria o prometido indulto e ainda disse assim: caso alguém me prenda, eu [Bolsonaro] mando prender o juiz e deu risada”, revelou o hacker preso por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e de outros tribunais.


Ao mesmo tempo, o hacker também disse em depoimento que em uma reunião com assessores da campanha Bolsonaro, em outubro de 2022, lhe foi proposto forjar um "código-fonte falso" para sugerir que a urna eletrônica era vulnerável e passível de fraude.


A proposta teria partido do marqueteiro da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro, Duda Lima, em uma reunião com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a deputada Zambelli (PL) e outras pessoas ligadas à parlamentar.


“Inicialmente, [o marqueteiro] disse que o ideal seria eu fazer uma entrevista, participar de uma entrevista com a esquerda e, de forma espontânea, falar sobre as urnas”, revelou.


A segunda proposta do marqueteiro de Bolsonaro, ainda segundo Delgatti, era que o hacker simulasse um código-fonte falso. “Eu faria o meu [código-fonte], não o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), só mostrando para a população que é possível apertar um voto e imprimir outro. Era essa a ideia”, afirmou o hacker. Acrescentou que o objetivo era apresentar um vídeo com esse conteúdo para ser divulgado no dia 7 de setembro, quando havia grande mobilização de apoiadores do ex-presidente em Brasília.


Segundo o TSE, o código-fonte é testado por especialistas independentes antes de ser usado nas eleições, o que inviabiliza qualquer vulnerabilidade ao sistema.


Para a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), tratou-se de uma tentativa de produzir uma peça publicitária de campanha usando Delgatti como garoto-propaganda.


“Seria uma urna que, num vídeo, numa apresentação publicitária, teria um código-fonte manipulado”, explicou a senadora, que tem pedido a quebra dos sigilos telemáticos dos citados por Delgatti, incluindo o publicitário Duda Lima.


Segundo Delgatti, as duas ideias não foram concretizadas porque o plano vazou para a imprensa. “O meu encontro saiu na mídia e, por esse motivo, eles cancelaram isso”, concluiu.


R$ 40 mil de Zambelli

Na quarta-feira (16), em depoimento à Polícia Federal, Delgatti reafirmou que recebeu dinheiro de Carla Zambelli para invadir qualquer sistema do Poder Judiciário. Segundo seu advogado, Ariovaldo Moreira, o valor foi de R$ 40 mil, pagos uma parte em espécie e outra por transferência bancária.


Walter Delgatti Neto ficou conhecido em 2019 por ter invadido celulares e vazado mensagens atribuídas a Sergio Moro e a integrantes da Operação Lava Jato. O hacker foi preso em 2 de agosto na operação da Polícia Federal que investiga a tentativa de invasão nos sistemas do Judiciário. Na mesma data, a PF também cumpriu cinco mandados de busca e apreensão contra Zambelli, três no Distrito Federal e dois em São Paulo.


Defesa de Bolsonaro

A defesa de Jair Bolsonaro (PL) informou que apresentará uma queixa-crime contra Walter Delgatti Neto por crimes contra a honra. De acordo com advogados do ex-mandatário, Bolsonaro teria sofrido calúnia e difamação durante o depoimento prestado na CPMI dos atos golpistas. A informação é do Globo.

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