Inflação oficial acelera e tem maior alta em 19 anos

A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (10), voltou a disparar em outubro e já acumula alta de 8,24% em 2021 e de 10,67% nos últimos 12 meses. O índice registrado em outubro (1,25%) foi a maior alta para o mês nos últimos 19 anos. O resultado foi puxado principalmente pelo preço dos combustíveis, injustificadamente atrelado ao dólar - a gasolina, por exemplo, teve a sexta alta seguida e acumula aumento de 38,29% no ano e de 42,72% em 12 meses.
Todos os nove grupos pesquisados pelo IBGE registraram aumento, mas é do grupo Transportes - no qual estão os combustíveis - que vem o maior impacto individual no índice de inflação.
O gerente do IPCA, Pedro Kislanov, destacou que, tanto o preço da gasolina como o da energia elétrica, que está na bandeira preta, de escassez hídrica, desde setembro, tem impacto indireto no custo de outros grupos.
“Os preços de muitos componentes, como vestuário e artigos de residência, têm sido influenciados pela alta dos combustíveis, alta da energia elétrica, pela depreciação cambial. Então, a gasolina e a energia elétrica, além de ter um efeito no IPCA diretamente, têm um efeito indireto sobre outros, principalmente sobre bens industriais. De fato houve um espalhamento maior este mês, principalmente por conta dos não alimentícios”, explicou o gerente.
A energia elétrica residencial teve alta de 6,47% em setembro e de 1,16% em outubro, com acumulado de 19,13% no ano e de 30,27% em 12 meses. Outro peso grande no custo para as famílias é o gás de botijão, que subiu 3,67% em outubro, com alta de 33,34% no ano e de 37,86% em 12 meses. “Foi o 17º mês consecutivo de alta. Temos alta desde junho de 2020 no gás de botijão, acumulando 44,77% de alta no período”, disse Kislanov.
Já as passagens aéreas tiveram alta de 33,86% no mês. Segundo Kislanov, também influenciadas pela alta do dólar e dos combustíveis, além da melhora na pandemia da covid-19.
“A depreciação cambial e a alta dos preços dos combustíveis, em particular do querosene de aviação, têm contribuído com o aumento das passagens aéreas. A melhora do cenário da pandemia, com o avanço da vacinação, levou a um aumento no fluxo de circulação de pessoas e no tráfego de passageiros nos aeroportos. Como a oferta ainda não se ajustou à demanda, isso também pode estar contribuindo com a alta dos preços”, explicou.
Também acelerou em outubro o transporte por aplicativo (Uber), que ficou 19,85% mais caro, depois de subir 9,18% em setembro.
Alimentos e bebidas
O grupo alimentos e bebidas subiu 1,17% no mês, perfazendo a segunda maior contribuição na alta do IPCA, com 0,24 ponto percentual. As principais altas foram no preço do tomate (26,01%) e da batata-inglesa (16,01%), que aceleraram a alimentação no domicílio para 1,32%. Também ficaram mais caros o café moído (4,57%), o frango em pedaços (4,34%), o queijo (3,06%) e o frango inteiro (2,80%).
Famílias mais pobres, inflação mais alta
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para as famílias com renda entre um e cinco salários mínimos, teve alta de 1,16% em outubro. No ano, o indicador acumula alta de 8,45% e, em 12 meses, de 11,08%.