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Janja diz que é alvo de ataques e ameaças 'até mais que Lula'


Senado premiou com o Diploma Bertha Lutz mulheres que se destacaram na política (Geraldo Magela/ Ag. Senado)

Durante sessão solene do Senado em homenagem ao Dia Internacional da Mulher nesta terça-feira (8), a primeira-dama Janja da Silva afirmou que tem sido alvo de mentiras, ataques à honra e ameaças nas redes sociais "até mais que o presidente [Lula]", e criticou a sub-representação das mulheres em espaços de poder.


"Cada uma das mulheres aqui sabe as dificuldades do dia a dia da política. Tenho sido o principal alvo de mentiras, ataques à honra e ameaças nas redes sociais. Até mais que o presidente. Sei que muitas de vocês também passam por isso. A mesma terrível experiência de ver seu nome, seu corpo e sua vida expostos de maneira mentirosa", disse a primeira-dama.


“Quero dizer que o meu compromisso com o aumento da representação das mulheres na política é permanente, faz parte do meu dia a dia. Acredito que precisamos cada vez mais institucionalizar nossa presença nos espaços de poder e garantir que existam e sejam cumpridas as regras de paridade”, acrescentou Janja, que é socióloga..


Ainda na tribuna do Senado, Janja se comprometeu a ser aliada incondicional de primeira hora nas ações contra a violência de gênero na política: “a questão da violência contra a mulher é inadmissível. É inacreditável o número que hoje temos no nosso Brasil. Precisamos dar um basta. Parem de matar nossas mulheres! Nenhuma de nós com medo, todas nós na política”.


A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, assim como a primeira-dama e outras mulheres, receberam o Diploma Bertha Lutz, um prêmio concedido pelo Senado a pessoas que tenham oferecido contribuição relevante à defesa dos direitos da mulher e a questões do gênero no país


Em seu discurso, a ministra Rosa Weber afirmou que condutas e atos discriminatórios detectados no espaço forense indicam que nem o Poder Judiciário, em seus campos de atuação, está imune à cultura de subjugar e desqualificar a mulher. Segundo ela, a sociedade brasileira vê, nos dias atuais, a violência contra a mulher recrudescer de forma alarmante.


“Por isso, reafirmar o direito das mulheres à igualdade de tratamento e de acesso aos espaços decisórios públicos como forma de luta contra a discriminação de gênero não se trata de projeto realizado, mas sim de projeto em permanente construção. Em sociedade marcada pelo machismo estrutural, edificaram-se as estruturas procedimentais e de tomada de decisão de modo a não considerar a mulher como um ator político institucional relevante no projeto democrático constitucional”.


A lista de homenageadas desta edição teve ainda a cientista política e especialista em segurança pública e política de drogas, Ilona Szabó de Carvalho; a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka; e a jornalista e uma das coordenadoras da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito Nilza Valéria Zacarias.


Também estiveram presentes na homenagem as ministras do Planejamento, Simone Tebet, da Saúde, Nísia Trindade, e da Gestão de Governo, Ester Dweck. 


À frente da sessão, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse estar preocupado com o aumento das mais diversas formas de violência contra as mulheres verificado na sociedade brasileira nos últimos anos.


"Uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que todas as formas de violência contra a mulher cresceram em 2022. Um cenário trágico, em que diariamente uma média superior a 50 mil mulheres são vítimas de violências e uma mulher a cada seis horas é morta por ser mulher. Grandes obstáculos persistem no atingimento da igualdade de gênero, como a diminuição da sub-representação política, a redução nas desigualdades do mercado de trabalho e o combate à violência, que tem dados alarmantes, uma quantidade inaceitável de feminicídios", disse.


Evangélicos

A jornalista Nilza Zacarias disse ver com preocupação a infiltração de movimentos político-partidários nas igrejas evangélicas. Para ela, os religiosos são historicamente um segmento de vanguarda na sociedade brasileira, e esse legado deve ser levado em conta. 


"A religiosidade brasileira está mudando, e não ocorre porque eu quero. Eu que sempre fui crente, nasci nos anos 1970 quando éramos 5% da população. Não imaginava nunca que chegaríamos a 30%, 40% de evangélicos no país e que, chegando a esse patamar, seria tão complicado, tão difícil. A fé evangélica é a fé da reforma, uma fé de vanguarda que ajudou na construção da educação pública, que ensinou camponeses a ler e que deu destaque ao papel da mulher na comunidade religiosa, dentro das comunidades. Não imaginava que essa fé pudesse vir a se tornar alvo de disputas políticas e ideológicas", afirmou.


In memoriam

Na edição deste ano, foram agraciadas postumamente outras duas brasileiras: Clara Filipa Camarão e a jornalista Glória Maria. Clara foi uma indígena da etnia potiguara que liderou um grupo de mulheres contra as invasões holandesas no século XVII, em Pernambuco. O nome dela está inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, em Brasília. Já Glória Maria é considerada um ícone do jornalismo brasileiro. Ela morreu em fevereiro de 2023, vítima de câncer.


O Diploma Bertha Lutz foi criado em 2001. Bertha foi uma bióloga, advogada paulista e uma das figuras mais significativas do feminismo e da educação no Brasil do século XX. Aprovada em concurso para pesquisadora e professora do Museu Nacional, em 1919, tornou-se a segunda brasileira a fazer parte do serviço público no Brasil.


Teve contato com o movimento feminista ao estudar na Europa. No retorno ao Brasil, fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF). Uma das principais bandeiras levantadas por Bertha Lutz na época era garantir às mulheres o direito de votar e de serem votadas. Isso só ocorreu em 3 de maio de 1933, na eleição para a Assembleia Nacional Constituinte. Ela faleceu em 1976, no Rio de Janeiro.


Com informações da Agência Brasil e Agência Senado

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