Líder do PSOL é baleado em carreata do PT, em SP

Anselmo Pires da Silva Neto, de 54 anos, secretário-geral do PSOL em Guarulhos, foi alvejado no braço quando quando estava em carro aberto no bairro de Jardim Palmira, na periferia da cidade. O dirigente do PSOL fazia carreata na campanha de Elói Pietá (PT), candidata petista que recebe o apoio da sigla de Guilherme Boulos e Luiza Erundina no segundo turno da eleição do município da Grande São Paulo.
Pires discursava sobre a especulação imobiliária e a devastação ambiental na região e foi baleado no braço. Era o primeiro ato público dele em apoio à candidatura do PT em Guarulhos.
"Eu havia acabado de fazer uma fala sobre a especulação imobiliária e a devastação ambiental na periferia de Guarulhos e assim que eu passei o microfone para uma companheira ao meu lado, ouvi um barulho como se pedras estivessem batendo no carro e um baque no braço. Na hora, achei que fossem pedras", afirmou ao UOL o dirigente do PSOL.
"Fizemos assepsia com álcool, terminamos o ato e procurei o 2º DP de Guarulhos, que orientou que eu fosse imediatamente procurar atendimento médico", contou o secretário-geral da legenda de esquerda em Guarulhos .
Em uma unidade básica de saúde (UBS), Pires foi medicado e recebeu curativo apropriado. Um médico da unidade emitiu laudo que afirma que o dirigente do PSOL deve ter sido atingido por um estilhaço ou um projétil de uma arma com munição de chumbinho, que se fragmenta.
O PSOL lamentou o ocorrido e cobrou "investigação urgente", questionando "até quando o Brasil vai conviver com crimes políticos".
Líder do movimento popular por moradia (MTST) em Guarulhos, candidato a vice-prefeito de Guarulhos em 2016 e a deputado estadual em 2018, Pires luta pela regularização fundiária em condomínios próximos à região em que foi baleado e denuncia há anos a especulação imobiliária.
Um dia após ter sido baleado, o dirigente psolista seguiu suas atividades políticas. Neste domingo, protestou no centro de Guarulhos com militantes do partido contra o assassinato de João Alberto Silveira Freitas , homem negro de 40 anos, em unidade do Carrefour em Porto Alegre.
Nesta segunda-feira (23), Anselmo Pires será submetido a a exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Guarulhos.
Polarização faz disparar violência
A corrida para as eleições municipais de 2020 tem sido uma das mais violentas desde a redemocratização nos anos 80. De acordo com levantamento do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), um candidato é morto no Brasil a cada três dias. Até aqui, são 82 casos de assassinatos por motivações políticas, seja entre candidatos ou militantes - Pará, Paraíba, São Paulo e Rio de Janeiro figuram nas primeiras colocações no ranking de estados mais violentos.
"O aumento da violência entre 2016 e 2020 está relacionado a dois fatores principais: a polarização política, que em seu discurso legitima a violência; e também a participação no pleito eleitoral de candidatos vinculados a organizações criminosas como as milícias , que usam a violência para que opositores não façam campanha em suas regiões", explica Lorenzo Gottardi , executivo público no governo do Estado de São Paulo, gestor de políticas públicas e pós-graduado em Legislativo e Democracia no Brasil pela Câmara Municipal de São Paulo.
Fonte: IG