top of page

Lula eleito presidente. Vitória da democracia brasileira

Atualizado: 31 de out. de 2022


Às 19h57m o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, foi anunciado como presidente eleito do Brasil no mais disputado pleito presidencial da história republicana. A vitória foi confirmada com 98,81% das urnas apuradas, quando Lula tinha 50,83% dos votos válidos. Em números totais a vantagem de Lula sobre o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), era de menos de dois milhões de votos no momento do anúncio.

A vitória de Lula representa a vitória da democracia brasileira, que durante quatro anos, desde a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, esteve sob permanente ameaça das forças bolsonaristas, lideradas pelo próprio presidente em repetidos arroubos autoritários e manifestações explícitas contra os poderes da República e o estado democrático de direito.

Aos 77 anos, Lula ganha o seu terceiro mandato presidencial. O ex-metalúrgico e líder sindical volta ao poder depois de ser condenado e preso pela Operação Lava Jato, em um processo viciado juridicamente por orientações políticasj, conforme definição do Supremo Tribunal Federal, que anulou as condenaçõe e restaurou os direitos políticos de Lula.


Recorde

Eleito para o seu terceiro mandato na Presidência da República, Lula quebrou o recorde de votos em uma eleição presidencial, superando os 58,1 milhões de votos que ele mesmo teve em 2006. Após 99,99% de urnas apuradas pelo TSE, Lula contabilizou 60.343.824 votos, ou 50,9% dos votos válidos, contra 58.205.370 ou 49,1% de Bolsonaro.


Na Cinelândia, no Rio, ansiedade e grito de vitória

Assim que a vitória de Lula se confirmou, milhares de pessoas tomaram as ruas das principais cidades do país. Nas esquinas e nas praças, agitando bandeiras e gritando o nome do candidato vencedor, os eleitores comemoraram a eleição presidencial mais disputada da história do Brasil.


No Rio de Janeiro, a alegria dos apoiadores de Lula era vista por toda a cidade. Na Cinelândia, tradicional ponto de manifestações políticas da cidade, e onde Lula realizou um dos seus maiores comícios durante a campanha, milhares de pessoas se reuniram desde o final da tarde, para acompanhar a apuração, transmitida em um telão e por meio de caminhões de som.


A ansiedade e a tensão visíveis no rosto de todos, durante o tempo em que Bolsonaro permaneceu à frente, só se dissiparam, com muito choro e gritos, quando a vitória de Lula foi confirmada.


Lula promete governar para todos os brasileiros

Em seu primeiro discurso como presidente eleito, Lula disse que, a partir de 1º de janeiro, vai governar o país numa "situação muito difícil", mas prometeu governar para todos os brasileiros, e ressaltou que "é hora de baixar as armas que não deveriam jamais ter sido empunhadas".


"Estou aqui para governar esse país numa situação muito difícil. Mas tenho fé que com a ajuda do povo, nós vamos encontrar uma saída para que esse país volte a viver democraticamente, harmonicamente. E a gente possa inclusive restabelecer a paz entre as famílias, os divergentes, para que a gente possa construir o mundo que nós precisamos, e o Brasil", afirmou Lula.


"Não existem dois Brasis. Existe um único povo, uma única nação. A ninguém interessa viver em um país dividido e em permanente estado de guerra. Esse povo esta cansado de enxergar no outro um inimigo. É hora de baixar as armas que não deveriam jamais ter sido empunhadas", prosseguiu.


Lula iniciou o discurso agradecendo a Deus. "Quero começar esta pequena fala com agradecimento a Deus. A vida inteira sempre achei que ele foi muito generoso comigo, permitindo sair de onde eu saí e chegasse onde eu cheguei", afirmou.


O presidente eleito disse que vai precisar de todos os partidos políticos e de todos os brasileiros para fazer um Brasil mais desenvolvido, mais justo e mais fraterno, e lembrou que não enfrentou "um candidato, mas a máquina do Estado brasileiro colocada a serviço do candidato da situação para evitar que nós ganhássemos as eleições".


Até o fechamento desta matéria, o candidato derrotado à reeleição Jair Bolsonaro (PL) ainda não havia se manifestado publicamente.



Veja a íntegra do discurso do presidente eleito para governar o Brasil pelos próximos quatro anos.


"Meus amigos e minhas amigas.


Chegamos ao final de uma das mais importantes eleições da nossa história. Uma eleição que colocou frente a frente dois projetos opostos de país, e que hoje tem um único e grande vencedor: o povo brasileiro.


Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora.


Neste 30 de outubro histórico, a maioria do povo brasileiro deixou bem claro que deseja mais – e não menos democracia.


Deseja mais – e não menos inclusão social e oportunidades para todos. Deseja mais – e não menos respeito e entendimento entre os brasileiros. Em suma, deseja mais – e não menos liberdade, igualdade e fraternidade em nosso país.


O povo brasileiro mostrou hoje que deseja mais do que exercer o direito sagrado de escolher quem vai governar a sua vida. Ele quer participar ativamente das decisões do governo.


O povo brasileiro mostrou hoje que deseja mais do que o direito de apenas protestar que está com fome, que não há emprego, que o seu salário é insuficiente para viver com dignidade, que não tem acesso a saúde e educação, que lhe falta um teto para viver e criar seus filhos em segurança, que não há nenhuma perspectiva de futuro.


O povo brasileiro quer viver bem, comer bem, morar bem. Quer um bom emprego, um salário reajustado sempre acima da inflação, quer ter saúde e educação públicas de qualidade.


Quer liberdade religiosa. Quer livros em vez de armas. Quer ir ao teatro, ver cinema, ter acesso a todos os bens culturais, porque a cultura alimenta nossa alma.


O povo brasileiro quer ter de volta a esperança.


É assim que eu entendo a democracia. Não apenas como uma palavra bonita inscrita na Lei, mas como algo palpável, que sentimos na pele, e que podemos construir no dia-dia.


Foi essa democracia, no sentido mais amplo do termo, que o povo brasileiro escolheu hoje nas urnas. Foi com essa democracia – real, concreta – que nós assumimos o compromisso ao longo de toda a nossa campanha.


E é essa democracia que nós vamos buscar construir a cada dia do nosso governo. Com crescimento econômico repartido entre toda a população, porque é assim que a economia deve funcionar – como instrumento para melhorar a vida de todos, e não para perpetuar desigualdades.


A roda da economia vai voltar a girar, com geração de empregos, valorização dos salários e renegociação das dívidas das famílias que perderam seu poder de compra.


A roda da economia vai voltar a girar com os pobres fazendo parte do orçamento. Com apoio aos pequenos e médios produtores rurais, responsáveis por 70% dos alimentos que chegam às nossas mesas.


Com todos os incentivos possíveis aos micros e pequenos empreendedores, para que eles possam colocar seu extraordinário potencial criativo a serviço do desenvolvimento do país.


É preciso ir além. Fortalecer as políticas de combate à violência contra as mulheres, e garantir que elas ganhem o mesmo salários que os homens no exercício de igual função.


Enfrentar sem tréguas o racismo, o preconceito e a discriminação, para que brancos, negros e indígenas tenham os mesmos direitos e oportunidades.


Só assim seremos capazes de construir um país de todos. Um Brasil igualitário, cuja prioridade sejam as pessoas que mais precisam.


Um Brasil com paz, democracia e oportunidades.


Minhas amigas e meus amigos.


A partir de 1º de janeiro de 2023 vou governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois 'Brasis'. Somo um único país, um único povo, uma grande nação.


Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio.


A ninguém interessa viver num país dividido, em permanente estado de guerra.


Este país precisa de paz e de união. Esse povo não quer mais brigar. Esse povo está cansado de enxergar no outro um inimigo a ser temido ou destruído.


É hora de baixar as armas, que jamais deveriam ter sido empunhadas. Armas matam. E nós escolhemos a vida.


O desafio é imenso. É preciso reconstruir este país em todas as suas dimensões. Na política, na economia, na gestão pública, na harmonia institucional, nas relações internacionais e, sobretudo, no cuidado com os mais necessitados.


É preciso reconstruir a própria alma dest