Lula se solidariza com Cristina Kirchner, 'vítima de lawfare'
Atualizado: 8 de dez. de 2022

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou solidariedade nesta quarta-feira (7) à vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Ela foi condenada em um processo sobre corrupção pela mesma forma que Lula foi. Ela nega as acusações e afirma ser vítima de uma "lawfare" (perseguição judicial).
"Minha solidariedade à vice-presidente da Argentina, @CFKArgentina. Vi sua manifestação de que é vítima de lawfare e sabemos bem aqui no Brasil o quanto essa prática pode causar danos à democracia. Torço por uma justiça imparcial e independente para todos e pelo povo da Argentina", publicou Lula.
O Partido dos Trabalhadores (PT) também manifestou "seu apoio incondicional à companheira e vice-presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, ante a recente condenação por um tribunal argentino".
Em uma nota publicada no site do PT, o partido condenou o processo contra Cristina Kirchner, dizendo que ele "tem um caráter claro de perseguição política contra uma importante líder popular argentina na atualidade".
A decisão do tribunal argentino foi classificada de "mais um caso típico de lawfare em nosso continente".
"A acusação não se sustenta, foi inclusive julgada improcedente por um juiz anterior, mas o caso foi reaberto e julgado por uma nova corte, com os grandes meios de comunicação alimentando a opinião pública em favor da condenação", diz a nota.
De acordo com o PT, o Brasil passou por um processo semelhante "com a questão da Lava Jato, um processo que tinha como único objetivo perseguir nosso presidente recém-eleito".
O partido ainda afirma que o processo contra a vice-presidente da Argentina fracassará e que está enviando "toda a nossa solidariedade a Cristina Fernández de Kirchner".
A nota é assinada por Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Romenio Pereira, secretário de relações internacionais.
Condenação em meio a escândalo envolvendo juízes e Grupo Clarín
Cristina Fernández de Kirchner foi condenada a seis anos de prisão na terça-feira (6). Ela é acusada de "administração fraudulenta" e de ter beneficiado uma empresa privada em licitações de obras públicas na província de Santa Cruz entre 2003 e 2015, durante a sua passagem pela presidência e a do ex-presidente Néstor Kirchner (2003–2007).
A condenação da vice-presidente da Argentina ocorre em meio a um dos maiores escândalos institucionais da história do país envolvendo uma luxuosa viagem à região patagônica de Lago Escondido, de um grupo de juízes, promotores, espiões ligados ao ex-presidente Ricardo Macri e dirigentes do Grupo Clarín, com tudo pago por este que é o maior conglomerado de mídia do país. Um dos viajantes é o juiz Julián Ercolini, que foi investigador no caso contra Cristina Kirchner, e reuniu as supostas provas contra ela.
A vice-presidente não foi presa, pois ainda pode recorrer da sentença em outras instâncias da Justiça até chegar à Corte Suprema de Justiça da Nação.