Mário Filho não me enganou, muito menos este governo
Atualizado: 9 de jun. de 2020
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Por Jorge Santana
Mário Filho, o grande escritor, jornalista e amante do futebol que dá nome ao maior estádio do hemisfério Sul, o Maracanã. O antigo jornalista pernambucano, mas radicado no Rio de Janeiro, foi o fundador do Jornal dos Sports, o primeiro jornal especializado em desportos no Brasil. Em vida, Mário Filho tentou esconder de todos a sua grande paixão, o Flamengo. Mário também criou o termo “Fla-Flu”, onde segundo os tricolores ele teria colocado o Flamengo no início da expressão, porquê era um flamenguista inveterado.
Mário Filho se esforçou para esconder sua paixão rubro-negra, mas para quem lia suas crônicas notava facilmente sua predileção pelo time da Gávea. Mário Filho sempre gastou tinta exagerada para descrever as vitórias do seu time do coração, sempre falou do Flamengo com cuidado e louvor. O que quero dizer é que Mário tanto falava de seu time que acabava se entregando.
O atual governo acusa o nazismo de ser de esquerda. Normal para um governo que têm membros defensores da teoria de Terra Plana. Os correligionários do chefe do executivo negam qualquer semelhança deles com os nazistas. Porém, assim como Mário Filho não enganava ninguém no seu teatro de não ter time, os membros do executivo não conseguem esconder a admiração pelo Terceiro Reich.
No ano passado, o secretário de comunicação fez uma esquete nazista rememorando o ministro nazista da propaganda. Uma atuação cênica deplorável comparada aos atores das novelas da Record, porém fidedigna a sua ideologia. O secretário proferiu trechos do discurso do ministro alemão, a estética da sala impecável como na Alemanha dos anos 1930 e ao fundo tocava o compositor antissemita Wagner. Foi demitido não pela apologia, mas pela repercussão negativa . No mês passado, o governo soltou uma frase em uma peça publicitária para incentivar as pessoas a retornarem ao trabalho, isso no meio do isolamento social. A frase era uma cópia mal feita da frase escrita pelos nazistas e que estava na entrada do campo de concentração de Auschwitz. Neste local foram assassinados 1 milhão de judeus.
Nesta semana o ministro da educação, ao ser intimado a depor, alegou ser perseguido. Não satisfeito, comparou a perseguição com a noite dos Cristais, noite essa em que 91 judeus foram assassinadas na Alemanha nazista. Foi repudiado por associações judaicas. No dia da morte de Mario Filho em 1966, o tricolor Nelson Rodrigues revelou ao público que seu irmão mais velho era flamenguista. Não era uma notícia inédita, pois Mário tinha deixado muitas pistas ao longo da sua vida. Assim como Mário não conseguia esconder que era rubro-negro, esse governo não esconde seu amor pelo nazi fascismo. Mário Filho não me enganou, muito menos este governo
Jorge Santana é professor de História e doutorando em Ciências Sociais pela UERJ.
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