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Malásia quer parcerias na área alimentar com Rússia, China e Brasil


Em entrevista exclusiva à TV BRICS, o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, afirmou que as prioridades do desenvolvimento econômico do país incluem a transformação digital, investimentos em larga escala, a criação de centros de processamento de dados e o avanço da inteligência artificial (IA).

"Já estamos nos tornando um polo regional em semicondutores, IA e centros de dados"

O premiê destacou ainda que a Malásia deu início a sua transição energética e está colaborando com os vizinhos da ASEAN nessa área.

"Estamos iniciando a implementação de uma rede energética integrada para toda a sub-região", explicitou.

Anwar Ibrahim acrescentou que a Malásia também tem priorizado a segurança alimentar, estabelecendo parcerias estratégicas com Rússia, China e Brasil nesse setor.



Leia, abaixo, a entrevista completa concedida por Anwar Ibrahim à apresentadora e diretora do Departamento de Cooperação Internacional da TV BRICS, Daria Ivankova:


Em 2025, a Malásia recebeu o status de país parceiro do BRICS. O que esse status significa e que novas oportunidades ele oferece tanto para a Malásia quanto para o BRICS?


A Malásia é uma nação voltada ao comércio. A ASEAN ocupa uma posição central, o que significa que devemos nos envolver com todos os países. O BRICS representa uma nova iniciativa como uma força de coesão no Sul Global. Decidimos uns pelos outros; ajudamos e negociamos com os demais, e acredito que isso demonstra o interesse de proteger, ao mesmo tempo, nosso espaço e colaborar com os outros.


O fortalecimento dos laços com o BRICS certamente terá impacto nos indicadores econômicos. Quais são as prioridades da Malásia para o desenvolvimento econômico nos próximos anos e quais setores o senhor pretende desenvolver primeiro?


Atualmente, há um foco na transformação digital, na conectividade e em investimentos volumosos em centros de dados e inteligência artificial. Como você sabe, a Malásia já é o polo regional para semicondutores, IA e centros de dados; e agora estamos iniciando a transição energética. Também estamos avançando nessa agenda de transição em cooperação com os vizinhos da ASEAN, implementando uma rede elétrica regional para melhorar o compartilhamento de energia em toda a sub-região.

Além disso, a segurança alimentar continua sendo uma prioridade fundamental. Nossas parcerias com países como a Federação Russa, China e Brasil vão fortalecer nossa resiliência nessa área.


O senhor já mencionou que a transformação digital foi apontada recentemente pela Corporação de Desenvolvimento do Comércio Externo da Malásia como uma das principais áreas estratégicas para os próximos anos. Quais iniciativas concretas estão previstas nesse processo, e que mudanças estruturais o governo espera implementar a partir dele?


Podemos afirmar que as políticas estão claras. Definimos nossas prioridades, temos uma Estratégia Nacional para Semicondutores e, por isso, conseguimos atrair grandes investimentos das maiores empresas do mundo. Além do Google, Microsoft e NVIDIA, temos a Infineon da Alemanha, com investimentos significativos — os maiores fora da Alemanha, por exemplo.

Felizmente, não enfrentamos dificuldades para atrair investimentos. O foco agora está em aumentar a eficiência e tornar o país ainda mais atraente. Ao mesmo tempo, treinamos nossas equipes e desenvolvemos talentos. Essa é uma das minhas prioridades e temas principais quando visito, agora, países como a Rússia; antes, a China, o Japão ou a Coreia do Sul; e, é claro, quando for ao Brasil para a Cúpula do BRICS.


Em sua opinião, a transformação também pode ocorrer no setor financeiro. Li sobre suas propostas para retomar a ideia de um Fundo Monetário Asiático — não com o intuito de competir, mas como uma espécie de mecanismo de proteção que ofereça suporte em momentos de crises econômicas. Isso está correto? Poderia detalhar melhor essa iniciativa?


Sim, já demos passos nessa direção. Um exemplo é a Iniciativa de Chiang Mai, em que os bancos centrais da região colaboram e promovem o uso de moedas locais. Por exemplo, agora com Tailândia, Indonésia e China, a meta é realizar 20% das transações comerciais em moedas locais – o que representa bilhões de dólares. Isso mostra que, onde for possível, devemos avançar, embora o dólar ainda continue sendo a moeda dominante no mundo. Mas, ao menos, podemos ter algum alívio, uma forma de mitigar e proteger nossos interesses nacionais.


O estável crescimento do PIB da Malásia aliado a investimentos expressivos em tecnologia tem sido destacado por especialistas internacionais como um sinal da resiliência do país. Essa confiança também foi fortalecida por acordos de livre comércio, incluindo um firmado com os Emirados Árabes Unidos, membro pleno do BRICS. Quais são os principais pontos desse acordo? Existem planos para estabelecer parcerias similares com outros países do BRICS ou do BRICS+?


É claro que há uma vantagem, pois o BRICS está agora concentrado na necessidade de ampliar o comércio dentro do Sul Global. Um acordo de livre comércio é, evidentemente, um mecanismo muito prático e eficaz, criado para garantir o livre fluxo de bens e produtos. Já firmamos esse tipo de acordo com muitos países. Por exemplo, a União Europeia – após as políticas tarifárias de [Donald] Trump – voltou a se engajar e agora demonstra interesse em negociar acordos de livre comércio com a Malásia e, esperamos, com a ASEAN. Fizemos o mesmo com o Reino Unido. Trata-se de uma abordagem bastante prática e pragmática.


O que dá valor adicional ao BRICS é seu foco nas necessidades específicas de seus membros – especialmente em setores como matérias-primas, petroquímicos, gás e produtos alimentícios – que frequentemente enfrentam desvantagens nos mercados globais. Acredito que os líderes e especialistas do BRICS estão tentando negociar e promover alguns acordos que nos permitam interagir e comercializar uns com os outros de forma mais eficaz.


Além de conquistar o status de país parceiro do BRICS, a Malásia também assumiu a presidência da ASEAN em 2025. Quais são os desafios que os países do Sudeste Asiático estão abordando durante a gestão da Malásia?


Temos o privilégio de sediar, no final de maio, a reunião da ASEAN, que será centrada principalmente em questões econômicas. O encontro também contará com a participação do Conselho de Cooperação do Golfo [GCC, na sigla em inglês], com todos os seis Estados árabes presentes, e será seguido por uma cúpula econômica com a China, com foco na economia. Isso demonstra que estamos retomando o foco nos fundamentos econômicos.

Em seguida, no final do ano, vamos sediar a reunião anual de Chefes de Governo, com a participação das economias do Leste Asiático, Índia, Austrália, Nova Zelândia e, é claro, dos Estados Unidos. Será uma grande oportunidade para dialogar com nossos principais parceiros comerciais e reforçar nosso compromisso com a cooperação multilateral baseada em regras.

Acredito que o espírito da ASEAN e do BRICS é o de não se submeter a ações unilaterais contra qualquer país.


Como os países da ASEAN e a Malásia estão contribuindo para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e quais dos 17 objetivos recebem maior atenção atualmente?


Bem, temos a sorte de que, como sub-região, a ASEAN seja provavelmente a mais pacífica e economicamente mais vibrante. Embora os fundamentos econômicos continuem sendo nosso foco principal, alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é parte integrante da nossa visão de longo prazo. É por isso que mencionei a rede elétrica. A rede de energia é uma alternativa energética, não é baseada em combustíveis; especialmente em combustíveis fósseis.

Portanto, trata-se de uma fonte alternativa de energia – hídrica e gás – que conectará a região. Isso representa uma mudança fenomenal em relação ao modelo internacional tradicional e uma importante contribuição para a proteção do clima e para a prioridade ambiental.

Acredito que esse seja um início muito importante para nós.


Em resposta aos impactos das mudanças climáticas, os países da ASEAN estão implementando ações em níveis nacional, regional e global. Desse modo, que medidas específicas estão sendo adotadas e de que forma ocorre a cooperação entre as nações nessa área? Se não me engano, um plano estratégico de ação já foi adotado.


Sim, mas também precisamos tomar uma posição. Na Malásia, por exemplo, mais de 52% do nosso território ainda está coberto por florestas virgens e selvas. Não podemos continuar ouvindo alguns países industrializados nos dizendo o que fazer, enquanto eles mesmos destruíram o meio ambiente e não cumprem suas promessas de apoio.

Hoje poderíamos ganhar muito dinheiro simplesmente vendendo a madeira serrada, mas não fazemos isso. Por quê? Porque queremos proteger nosso patrimônio e o meio ambiente. E essa é a nossa regra — mesmo que isso tenha um custo. Por isso, várias corporações já fizeram compromissos no passado. Mas o que ouvimos em vez disso são mais sermões infundados, sem ações reais para garantir justiça a muitos países relativamente mais pobres, mesmo dentro da região da ASEAN.

A Malásia tem um pouco de sorte — estamos ao menos conseguindo nos manter — mas alguns países estão em situação muito mais difícil. Queremos que eles protejam o meio ambiente, que não cortem as florestas. Mas, para isso, seria justo que recebessem o apoio necessário que lhes prometeram. Porém, como disse, isso ainda não foi totalmente cumprido.


De modo geral, qual é a política de proteção ambiental adotada pelos países da ASEAN e, especificamente, pela Malásia? O Sudeste Asiático é reconhecido por sua rica biodiversidade. Desde 1977, as nações da ASEAN têm implementado iniciativas ambientais conjuntas e aprovado diversos programas. Quais são as principais conquistas alcançadas até o momento e quais iniciativas estão em andamento?


Quando falo sobre proteção ambiental e apoio a iniciativas climáticas, não estou me referindo somente à Malásia. Claro que a Malásia é um país produtor de petróleo e tem tomado medidas importantes. Mas todos os países da ASEAN adotaram programas semelhantes. E acho que, para fazer justiça a esses países, eles estão fazendo o que se espera razoavelmente deles. É isso que quero dizer.

Por que esperam que façamos muito mais do que podemos, quando outros países nem sequer cumprem seus compromissos de prestar assistência? Como disse, na ASEAN, alguns países são relativamente mais pobres e precisam de apoio. Não estamos pedindo ajuda ou doações — apenas o que foi prometido inicialmente.

Sou muito otimista. Pegue como exemplo a rede elétrica da ASEAN — o que isso significa? Mostra o compromisso total desses países em migrar dos combustíveis fósseis tradicionais para alternativas. Isso tem um custo elevado, mas decidimos que é o caminho a seguir.

Então, acredito que esse compromisso não é só da Malásia — inclui outros países, do Vietnã ao Camboja, Laos, Tailândia, Singapura, Indonésia, Filipinas e Brunei. Estamos todos envolvidos.


Apesar dos grandes desafios globais, o BRICS e a ASEAN mantêm seu compromisso com o intercâmbio cultural. Sei que a Malásia, por exemplo, abriga a Associação Internacional de Mulheres da Malásia, que reúne membros de mais de 30 países. Quais são as principais atividades dessa associação? Entendo que são promovidos eventos para celebrar obras de escritores e poetas de renome mundial. Em sua opinião, por que essas iniciativas culturais são importantes? O senhor já teve a oportunidade de participar de algum desses eventos?


Eu participo quando posso. Mas veja, desenvolvimento e progresso não são apenas econômicos. Claro que os fundamentos econômicos devem permanecer uma prioridade — isso é evidente. Mas também estamos falando de desenvolvimento humano. Falamos de valores, de justiça, de paz — e isso vai além das preocupações econômicas.

Para mim, o papel das mulheres é absolutamente decisivo. Não se trata apenas da família — embora isso por si só seja essencial. A participação delas na educação, no meio ambiente e na saúde está profundamente interligada. Não podemos mais definir a contribuição delas apenas como mães ou cuidadoras. Claro que isso continua fundamental, mas agora reconhecemos também seus papéis cruciais na saúde pública, na proteção ambiental e na promoção de uma governança justa e livre de corrupção.


Foto: TV BRICS


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