Mauro Cid confirma que Bolsonaro leu e alterou minuta do golpe
- Da Redação
- há 1 dia
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Primeiro a prestar depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a trama golpista, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), confirmou nesta segunda-feira (9) que o ex-presidente recebeu, leu e ainda fez alterações na minuta do golpe elaborada por assessores. Delator do caso, o militar afirmou que "presenciou grande parte dos fatos, mas não participou deles". Outros sete réus do chamado núcleo crucial do golpe serão ouvidos até a próxima sexta-feira (13, entre eles Bolsonaro, que compareceu à audiência e será interrogado nos próximos dias. Os depoimentos têm transmissão ao vivo pela TV Justiça.
"Sim [Bolsonaro] recebeu e leu. Ele enxugou o documento. Basicamente, retirando as autoridades das prisões, somente o senhor [Moraes] ficaria como preso. O resto não", detalhou Mauro Cid, ao ser interrogado pelo relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes.
"Foram duas, no máximo três reuniões em que esse documento foi apresentado ao presidente", disse Cid, acrescentando que a minuta era dividida em duas partes: "A primeira parte eram os 'considerandos'. Dez, onze, doze páginas, muito robusto. Esses considerandos listavam as possíveis interferências do STF e TSE no governo Bolsonaro e nas eleições. Na segunda parte, entrava em uma área mais jurídica, estado de defesa, estado de sítio e prisão de autoridades", afirmou Cid.
Ao ser questionado por Moraes, o ex-ajudante de ordens também confirmou que o ex-comandante da Marinha Almir Garnier deixou as tropas da Força "à disposição".
Além de Cid, outros sete réus serão interrogados em ordem alfabética nesta semana: general Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro), Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-chefe da Abin), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), almirante Almir Garnier (ex-comandante da Marinha) e general Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa).
Cid foi peça central que embasou a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR). Em depoimento aos investigadores da Polícia Federal (PF), ele confirmou que Bolsonaro convocou militares de alto escalão para discutir formas de reverter os resultados das eleições presidenciais em 2022.
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