Meninas se mobilizam em favelas do Rio de Janeiro
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Meninas se mobilizam em favelas do Rio de Janeiro

Acordar cedo, estudar, trabalhar, ajudar em casa e ainda lidar com as pressões do dia a dia e as múltiplas violências da comunidade: ser jovem, dentro da favela, não é uma tarefa fácil. A vivência cotidiana pode ser cruel e desanimadora. É como destacam as jovens Pâmella Gabriel, de 22 anos, moradora da Pavuna, e Juliane Cruz, de 21 anos, moradora da Maré. As duas participam do Zona Nossa, projeto do UNICEF em parceria com a ONG Luta pela Paz.

Favela da Maré / Reprodução

Na iniciativa, adolescentes e jovens participaram de debates e criaram uma rede de apoio entre mulheres que, mesmo em territórios distintos, compartilham vivências muito semelhantes e planejam estratégias de mobilização para encontrar, juntas, soluções comuns para os desafios enfrentados diariamente.


“Eu gosto muito da possibilidade de entender as especificidades dos diferentes territórios. Existe muito estigma sobre as favelas. Acham que toda favela é igual, funciona da mesma forma. Mas muito pelo contrário. Cada local produz sua própria cultura, seus conhecimentos, comércio, formas de habitação. O que me chamou atenção no Zona Nossa foi fazer essa integração com pessoas de outros territórios que não o meu.”


Juliane, estudante de psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Pâmella, que trabalha no setor de perfumaria de uma farmácia e estuda para concursos, destacam a satisfação de encontrar pessoas como elas e pensar as vivências enfrentadas pelas mulheres moradoras de favelas para além dos estigmas sociais que as envolvem. “O que me interessou foi que só tinha mulheres. Eu conheci um pouquinho de cada uma. Umas meninas daqui que eu só conhecia de vista e nem trocava ideia. Agora, nós nos identificamos como apoio umas para as outras”, conta Pâmella.

Juliane Cruz / Arquivo pessoal

Saúde mental


Um dos temas mais discutidos foi a saúde mental. Juliane afirma que é possível oferecer psicologia às favelas para além dos consultórios e clínicas.


“Dá pra fazer saúde mental com cultura, esporte e arte. Não necessariamente do jeito tradicional. Promover a saúde mental é muito mais do que isso”, explica a futura psicóloga.


Pâmella concorda que esse é um desafio muito grande para os jovens do seu território. De acordo com ela, fatores como a preocupação com o futuro, pressão familiar e a vida sob constante violência desmotivam. “A depressão dá a ideia de que os sonhos estão acabando”, afirma a jovem.


Outro assunto abordado foi a violência baseada em gênero. “É um desafio enorme, principalmente porque a maioria das pessoas não entende o que é essa violência. E a gente vê isso acontecer com muita frequência”, fala Pâmella.


Juliane lamenta a falta de ações efetivas para sanar o problema. “Isso tudo demanda da gente muita política, muita revolução e muita militância. Nossos corpos são políticos desde que a gente nasce até o dia em que a gente morre. Isso precisa fazer parte da nossa vida. A gente precisa começar a ouvir essas mulheres e pensar formas alternativas para ajudá-las”.

Pâmella Gabriel / Arquivo pessoal

Projeto


Pâmella e Juliana são duas das 20 adolescentes e jovens mobilizadas pelo projeto Zona Nossa no primeiro semestre de 2021. Ambas demonstram interesse em continuar levando debates importantes para dentro de seus territórios.


“Multiplicar informações entre as pessoas do nosso território é fantástico. Os debates rendem e as rodas de conversa começam a encher. Me impacta muito ver jovens e adultos com um sorriso de satisfação por estarem sendo ouvidos e por ouvirem alguém que é como eles.”


Juliane demonstra interesse em continuar agindo pelo seu território e deixa claro: “É muito bom construir caminhos de debates e conversas para chegar nos territórios sem colocar pessoas em risco. É um caminho difícil, mas precisa ser feito. O que a gente pode oferecer para apaziguar essas questões? Quais são os projetos que a gente pode criar? Como que a gente produz economia para essas mulheres? O Zona Nossa nos trouxe a possibilidade de aprender na prática”.


Fonte: Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) / ONU Brasil

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