Morre Gal Costa, 77 anos, um dos ícones da MPB

Consagrada como uma das maiores vozes do Brasil, a cantora Gal Costa morreu aos 77 anos. A informação foi confirmada na manhã desta quarta-feira (9) pela assessoria de imprensa, que não divulgou detalhes sobre a causa do falecimento. O velório será aberto ao público na Assembleia Legislativa de São Paulo. A cerimônia será na sexta-feira.
Gal Costa nasceu em Salvador em 1945, batizada de Maria das Graças Penna Burgos, segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, que conta de forma detalhada sua trajetória premiada na música nacional.
Fã de bossa nova desde a adolescência, Gal fez seu primeiro show em 1964, na inauguração do Teatro Vila Velha, na capital baiana, já ao lado de nomes que lhe fariam companhia ao longo da carreira, como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Tom Zé.
Seu primeiro LP, Domingo, foi gravado em 1967, ao lado de Caetano Veloso e com produção de Dori Caymmi. Quando seu primeiro álbum individual foi lançado, em 1969, Gal já havia gravado sucessos icônicos de sua carreira, como Divino Maravilhoso, apresentado no IV Festival de Música Popular Brasileira, e Baby, que fez parte do LP Tropicália.
Com uma carreira de interpretações inesquecíveis, a cantora também marcou época quando, em 1975, gravou Modinha para Gabriela, para ser o tema da novela Gabriela, da TV Globo. No ano seguinte, Gal se uniu a Maria Bethânia, Gilberto Gil e Caetano Veloso para formar Os Doces Bárbaros, grupo que reuniu multidões em seus shows.
Ao longo dos mais de 50 anos de carreira, Gal Costa marcou com sua voz composições de grandes nomes da música brasileira, como Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, Festa do Interior, de Abel Silva e Moraes Moreira, Sonho meu, de Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho, Pérola Negra, de Luís Melodia, e Chuva de Prata, de Ed Wilson e Ronaldo Basto.
Lula, Gil, Caetano, Bethânia e Mangueira homenageiam Gal
Nas redes sociais, inúmeras homenagens se acumulam lembrando a carreira da artista e lamentando seu falecimento. O amigo Gilberto Gil, que chamava Gal de "Gaúcha", se disse "muito triste e impactado".
"Nossa irmãzinha se foi... Gal, a quem chamava de Gaúcha. Fica a saudade pra mim, pra todos que eram próximos e pra tanta gente na extensão deste Brasil que se encantava com seu canto. Agora o canto dela fica conosco pro resto das nossas vidas, pra o tempo todo da nossa história", publicou em sua rede social Gilberto Gil, cantor, compositor, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.
O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, também utilizou as redes para manifestar seu pesar. "Gal Costa foi das maiores cantoras do mundo, das nossas principais artistas a levar o nome e os sons do Brasil para todo o planeta. Seu talento, técnica e ousadia enriqueceu e renovou nossa cultura, embalou e marcou a vida de milhões de brasileiros", tuitou Lula.
Caetano Veloso postou uma homenagem a Gal. Tido como irmãos (eles não possuíam laços sanguíneos), cerca de duas horas antes de Gal morrer, o perfil oficial da cantora no Twitter publicou, às 8h59, um trecho de uma apresentação dela com Caetano em 1986, interpretando a canção “Sorte”, de Ronaldo Bastos e Celso Fonseca. Caetano republicou o vídeo sete minutos depois, quando a informação da morte de Gal ainda não tinha vindo a público. Com os rostos colados, eles cantam o refrão da música e dão um beijo no final. (Veja o vídeo na sequência da matéria)
A Estação Primeira de Mangueira também prestou homenagem a cantora. Ela foi enredo da escola em 1994, junto com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia.
"Uma perda irreparável pra Cultura Brasileira. Gal Costa, uma das cantoras mais importantes da música popular nos deixou. Sua voz preenchia os espaços e tocava no fundo da alma com seu timbre único. Usou sua arte para lutar e defender ideais progressistas. Esteve de mão dada ao povo e se tornou um ídolo do país", disse a escola de samba carioca.
Maria Bethânia também fez um vídeo falando da importância de Gal para a música popular brasileira. "Eu nunca pensei um dia chegar a vocês para falar sobre a dor de perder Gal. O Brasil que ela sempre encantou com sua voz única, magistral, hoje, inteiro chora, como eu. Uma amiga que, mesmo longe, sempre mantive admiração e respeito. Deus a receba em sua mais pura luz", lamentou.
Com a Agência Brasil