Motolâncias levam ajuda a áreas isoladas em Petrópolis
Moradora do bairro Caxambu, em Petrópolis, Tatiana Coelho viveu o que acredita ter sido um dos momentos mais difíceis da sua vida, durante o temporal que atingiu a cidade no último dia 15/2. Tatiana estava trabalhando quando a tempestade começou e enfrentou a chuva e a lama para voltar para sua casa para encontrar o marido, que, devido a uma cardiopatia grave, não tem forças para sair da cama. Após o maior desastre natural da história do município, o acesso à residência do casal se tornou ainda mais difícil - eles e os vizinhos ficaram isolados. Na última quarta-feira (23/2), agentes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), da Secretaria de Estado de Saúde (SES), percorriam as ruas do bairro quando receberam a informação de que o idoso precisava de atendimento médico.

Para chegar até a casa de Tatiana, os técnicos fizeram parte do caminho com as motolâncias e, em outro trecho, o acesso só foi possível a pé. Os profissionais passaram por becos estreitos, cobertos por lama. Em alguns locais, foi necessário andar sobre pedaços de madeira colocados sobre o lamaçal.
"Os enfermeiros chegaram aqui, examinaram e atenderam o meu marido. Verificaram todos os sinais vitais dele e fizeram um atendimento completo. Eu gostei muito do atendimento, foi muito humano. Não tenho palavras para agradecer. Agora, eles vão retornar com água e cesta básica para nós", disse Tatiana, emocionada.
No bairro do Alto da Serra, as equipes ajudaram, na quinta-feira (17.02), no resgate de crianças que estavam presas em uma creche. Desde a quinta-feira passada (17/2), a equipe das motolâncias realizou mais de 50 atendimentos de urgência e emergência. Os enfermeiros e técnicos de enfermagem percorrem os locais fazendo aferição de pressão, teste de glicose, verificando pulsação e batimentos cardíacos e realizando curativos em pequenos ferimentos.

Os profissionais das motolâncias também atuam como batedores, abrindo caminho para que as ambulâncias cheguem mais rápido às unidades de saúde.
"Nas primeiras horas após o ocorrido, enviamos cinco ambulâncias para Petrópolis. Mas a nossa experiência na serra, em 2011, nos mostrou que, em muitos lugares, apenas as motos conseguem chegar. Por isso, decidimos aplicar essa mesma experiência aqui em Petrópolis. Trouxemos as motolâncias do SAMU para dar atendimento à população onde nenhum outro veículo consegue acessar", afirmou o coordenador do SAMU, o coronel bombeiro militar Luciano Sarmento.
As equipes não levam apenas socorro médico, mas também ajuda humanitária. Sobre as duas rodas, enfermeiros e técnicos de enfermagem transportam água, comida e donativos até os moradores. É comum também ver os profissionais ajudando moradores a carregar materiais pesados, ou mesmo auxiliando os mais velhos e as crianças a se locomoverem em áreas mais acidentadas do município. Na quarta-feira (23/2), um idoso que teve a casa interditada no Morro da Oficina contou com a ajuda de um técnico que deixou a motolância para carregar um botijão de gás que estava sendo retirado do imóvel.

Casos de pico de pressão e crises de ansiedade também são demandas frequentes nos locais visitados, onde muitos perderam familiares e amigos nos desmoronamentos de terra. Moradora do Alto da Serra, Glória Soares perdeu uma amiga na tragédia. Muito abalada, ela recebeu a visita de uma equipe de motolância. Além da aferição da pressão, os profissionais verificaram a glicose da moradora.
"Achei ótimo o atendimento, porque ainda há muitos lugares aqui, onde os carros têm dificuldade para chegar. Tem pessoas por aqui que estão até sem água", disse.
O SAMU está atuando em Petrópolis com quatro equipes de motolâncias. Cada equipe é formada por duas motos, tripuladas por enfermeiro e técnico de enfermagem.
Fonte: Núcleo de Imprensa do Governo do Estado do Rio de Janeiro
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