Na ONU, Rússia alerta para risco de desastre nuclear com ações dos EUA
- Da Redação
- há 23 minutos
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Com o ataque a três instalações nucleares iranianas, os EUA abriram a caixa de Pandora, e não está claro quais repercussões tais ações podem ter, declarou neste domingo o representante permanente da Rússia na ONU, Vasily Nebenzia, durante uma reunião do Conselho de Segurança.
Durante seu discurso, Nebenzia afirmou que Washington demonstrou mais uma vez "seu total desrespeito à posição da comunidade internacional e confirmou que, em prol dos interesses de seu aliado israelense", está disposto não apenas a fechar os olhos para o assassinato de mulheres, crianças e idosos palestinos, mas também a "colocar em risco a segurança e o bem-estar de toda a humanidade". "Com suas ações, os EUA abriram a caixa de Pandora. E ninguém sabe a que outras consequências isso pode levar", afirmou.
Da mesma forma, o político enfatizou que, com sua ofensiva, os Estados Unidos confirmam que "para preservar sua hegemonia no mundo, estão dispostos a cometer qualquer crime e violar o direito internacional", e ressaltou que "ninguém autorizou" Washington a realizar tais ações.
Além disso, Nebenzia indicou que, apesar da proposta da Rússia de mediar um possível acordo entre Irã e Israel, o governo americano decidiu ignorá-la, assim como ignorou a posição de toda a comunidade internacional em apoio ao esforço de guerra de Tel Aviv.
"Mais uma vez, nossos colegas americanos ignoraram a posição de toda a comunidade internacional, seguindo o exemplo de Israel em vez de colocá-lo em seu devido lugar e forçá-lo a interromper a espiral de escalada. Hoje, ouviremos novamente declarações cínicas de representantes americanos sobre sua disposição de retornar às negociações, como se a série de ataques noturnos com munição pesada contra o Irã nunca tivesse ocorrido", denunciou.
"Teatro do absurdo e do cinismo"
Paralelamente, o representante russo comparou o recente ataque americano à invasão do Iraque em 2003, justificada pela suposta posse de armas de destruição em massa. "A situação atual não é diferente da de 2003, pois estão tentando nos fazer acreditar em contos de fadas novamente, trazendo sofrimento a milhões de pessoas que vivem no Oriente Médio", observou.
Ao mesmo tempo, Nebenzia lamentou que alguns dos presentes "não encontraram e não encontram coragem para chamar as coisas pelo nome e condenar as ações de Washington". "Parece-nos estranho participar deste teatro de absurdo e cinismo", enfatizou, acrescentando que se trata de ataques sem provocação.
Além disso, o alto funcionário enfatizou que já está claro que os ataques às instalações nucleares iranianas representam "um golpe colossal para o regime de não proliferação", pois "destroem os fundamentos da cooperação internacional nesta área", arriscando um retorno à era de riscos nucleares descontrolados. Nesse sentido, ele supôs que isso parece ser exatamente o que Washington e Tel Aviv buscam.
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Além disso, ele observou que, embora a República Islâmica continue sendo o país mais inspecionado do mundo pela AIEA, em troca, está sujeita a bombardeios por parte de Israel, o Estado que se recusa a aderir ao Tratado de Não Proliferação Nuclear.
"Se a escalada não for interrompida, o Oriente Médio se verá à beira de um conflito de larga escala com consequências imprevisíveis para todo o sistema de segurança internacional, e o mundo inteiro poderá estar à beira de uma catástrofe nuclear", disse Nebenzia, pedindo a cessação imediata das ações agressivas de Israel e dos Estados Unidos, bem como a contenção de todas as partes e o retorno da situação ao contexto da diplomacia internacional.
Ele também afirmou que não basta simplesmente condenar as ações de Washington e Tel Aviv, sendo necessária uma avaliação jurídica e política do ocorrido. Consequentemente, ele informou que Rússia, China e Paquistão prepararam e divulgaram um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU exigindo um cessar-fogo imediato e incondicional, buscando uma solução diplomática para o programa nuclear iraniano.
Ataque dos EUA
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na noite de sábado que a Força Aérea dos EUA havia concluído um "ataque bem-sucedido" contra três instalações nucleares no Irã: Fordo, Natanz e Isfahan. "Não há outro exército no mundo que poderia ter feito isso. A hora da paz chegou!", disse Trump.
O Ministro das Relações Exteriores iraniano, Seyed Abbas Araghchi, lembrou que "de acordo com a Carta da ONU e suas disposições, o Irã reserva todas as opções para defender sua soberania, seus interesses e seu povo".
Enquanto isso, o líder americano alertou Teerã que, em caso de uma possível retaliação, empregará "uma força muito maior do que a demonstrada esta noite".
O Ministério das Relações Exteriores russo alertou que "o risco de uma escalada do conflito no Oriente Médio, já mergulhado em múltiplas crises, aumentou significativamente". Segundo a organização, "a decisão irresponsável de submeter o território de um Estado soberano a ataques com mísseis e bombas, independentemente dos argumentos utilizados, constitui uma grave violação do direito internacional, da Carta da ONU e das resoluções do Conselho de Segurança da ONU".
Da Agência RT
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