Niterói anuncia ampliação de leitos com 55% de ocupação
A Prefeitura de Niterói informou nesta terça-feira (2) que a capacidade da rede pública de saúde para o atendimento dos pacientes graves de Covid-19 foi ampliada para 226 leitos exclusivos para pacientes com o coronavírus, entre enfermaria e UTI, com uma taxa de ocupação atual de 55%. Também foram divulgadas fotos e vídeo dos 80 novos respiradores que chegaram na última sexta-feira (29) no Hospital Municipal Oceânico, vindos da China.
Para o prefeito Rodrigo Neves, as medidas para aumentar a retaguarda de saúde, aliadas ao isolamento social e à restrição de circulação adotadas assim que surgiram os primeiros casos confirmados na cidade, foram essenciais para que Niterói possa estar em um estágio laranja no plano gradual de transição para uma nova normalidade.
“Desde o surgimento dos primeiros casos de Covid-19, Niterói vem se preparando para a pandemia, abrindo dezenas de leitos, adquirindo equipamentos de proteção individual para os profissionais e planejando o isolamento social. Arrendamos e transformamos um hospital particular que estava abandonado no primeiro hospital público do Brasil exclusivo pra Covid-19, entregue em prazo recorde. Contratamos mais 1.300 profissionais de saúde desde março. Todas essas ações permitiram que a nossa rede de saúde estivesse preparada para enfrentar a pandemia”, afirmou o prefeito.
O secretário municipal de Saúde, Rodrigo Oliveira, destacou que Niterói fez um planejamento estratégico que deu condições para que os profissionais de saúde pudessem realizar seu trabalho de salvar vidas. Ele citou ações como o isolamento social, a distribuição de kits de limpeza, a sanitização de ruas e comunidades de Niterói e a aquisição, com recursos próprios, de 50 mil testes rápidos que permitiram a implantação de um programa amplo de testagem da população.
“Conseguimos ter hoje uma retaguarda de leitos à frente da curva da doença. Vivemos ainda uma situação preocupante, que exige atenção total neste processo gradual para o novo normal. Estamos vencendo esta batalha, mas é preciso perseverar no isolamento social e termos uma mudança nos hábitos de higiene e limpeza”, disse o secretário.
Vidas salvas – Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou que as medidas mais restritas de isolamento social e de combate ao novo coronavírus implantadas pela Prefeitura de Niterói desde março já evitaram a contaminação de 11.569 pessoas com a Covid-19 e 1.468 mortes. Especialistas da universidade chegaram a essa conclusão ao analisar os casos e óbitos confirmados na cidade e as estimativas do avanço da doença entre 17 de março e 30 de maio.
"Entre os indicadores que devem ser utilizados na estratégia de qualquer processo de reabertura, é fundamental o acompanhamento da evolução de casos e óbitos. Qualquer alteração relevante detectada deve ser levada em conta para um possível retorno às medidas restritivas anteriores. O objetivo principal é reduzir ao máximo o número de casos e consequentemente de óbitos. Graças às medidas de isolamento social adotadas em Niterói, houve importante redução do número de casos e óbitos projetados", explica o infectologista da UFRJ, Roberto Medronho.
De acordo com o estudo da UFRJ, sem o isolamento social e as medidas de combate ao novo coronavírus, o número de óbitos de Covid-19 na cidade seria de 1.595 entre março e maio. Com a implantação das medidas, a cidade registrou 127 mortes no período. O número de mortes evitadas é de 1.468.
A estimativa de casos de Covid-19 na cidade, sem as ações da Prefeitura, era de 12.032 no final de abril e início de maio, período estimado para o pico da doença. No entanto, Niterói registrou 463 pessoas com a Covid nesse período, totalizando 11.569 casos evitados.
“Todo cuidado é pouco. A população deve seguir rigorosamente as orientações básicas, evitando aglomerações, utilizando máscaras sempre que for necessário e mantendo os cuidados de higiene. Não podemos subestimar essa doença, pois ela é muito traiçoeira”, alerta Medronho.
Ações – Niterói foi a primeira cidade da Região Metropolitana a adotar medidas sociais e econômicas para reduzir os impactos provocados pela crise do coronavírus. Entre as ações implantadas pela Prefeitura se destacam a distribuição gratuita de um milhão de máscaras de tecido lavável para a população e de cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade social. O Município também adquiriu, com recursos próprios, 50 mil testes rápidos e iniciou um programa amplo de testagem da população.
Mais de 50 mil famílias também foram beneficiadas com cartões pré-pagos, que recebem crédito de R$ 500 por mês, para compras em mercados e farmácias, através dos programas Renda Básica Temporária, Busca Ativa e auxílio aos Microempreendedores Individuais (MEIs), entre outros. Também foi criado o primeiro centro de referência de quarentena do País.
Entre as medidas de restrição estão a obrigatoriedade do uso de máscara, com multa de R$ 180 em caso de descumprimento, barreiras nas entradas do município, com aferição de temperatura, horários específicos para atividades físicas, sem aglomeração, na orla, e fiscalização do cumprimento dos protocolos sanitários.
Plano de transição – As regras de restrição de circulação e isolamento social serão mantidas até 30 de junho e podem ser prorrogadas. O município implantou, em 21 de maio, um plano de transição gradual para o novo normal, com um sistema de cores para identificar estágios de combate ao novo coronavírus.
Os estágios têm as cores roxa (situação extremamente grave da pandemia), vermelho (situação muito grave, com restrições de circulação mais rígidas), laranja (atenção máxima – estágio atual) e amarelo (alerta). O sinal verde só deverá ser adotado quando estiver disponível uma vacina contra a Covid-19. Atualmente, a cidade está no estágio laranja.
O plano de transição gradual para a nova normalidade foi desenvolvido por um grupo de trabalho, que contou com a participação de técnicos da Prefeitura e especialistas do meio acadêmico. Ele foi baseado na ciência e nas melhores experiências internacionais e foram levados em conta critérios como a taxa de transmissão da Covid-19 na cidade, taxa de letalidade e a retaguarda de leitos.
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