Niterói mantém a ocupação das UTIs para coronavírus em 34%
Ao contrário do drama em curso no Rio de Janeiro, assim como em outras capitais brasileiras, onde médicos já admitem que estão sendo obrigados, na falta de leitos com respiradores, a escolher os pacientes cujas vidas serão salvas, na cidade de Niterói, do outro lado da Baía da Guanabara, a infra-estrutura de saúde para o combate ao surto de coronavírus ainda se mostra capaz de enfrentar em boas condições as emergências médicas da cidade, com uma taxa de ocupação de unidades de tratamento intensivo em 34% da capacidade atual.
Matéria veiculada pelo RJ TV, da TV Globo, no início da tarde desta quarta-feira (22), com fotos mostradas pelo prefeito Rodrigo Neves de um hospital do município completamente lotado, a par das informações de medidas adotadas pela prefeitura para limitar o acesso à cidade, causaram preocupação entre moradores, temerosos de um repentino colapso do sistema de saúde do município.
No entanto, graças à recente e contínua ampliação do número de leitos de UTI, Niterói ainda dispõe de recursos para suportar o esperado crescimento na demanda por atendimento médico. Primeira cidade do estado a registrar um óbito pela covid-19, a cidade tinha até a noite desta quarta-feira 16 mortes confirmadas pelo novo coronavírus, enquanto o Rio de Janeiro registrava 303 vítimas fatais da doença.
De acordo com o boletim divulgado ontem pela secretaria municipal de saúde, dos 242 casos confirmados de coronavírus em Niterói, 47 estavam hospitalizados, sendo 15 em Unidades de Terapia Intensiva. Apenas o Hospital Oceânico, arrendado pela prefeitura e inaugurado semana passada com 40 leitos de UTI já implantados, de um total de 140 previstos, teria condições de absorver imediatamente quase três vezes o total de pacientes que hoje exigem tratamento intensivo na cidade.
Segundo relato do secretário municipal de saúde, Rodrigo Oliveira, durante uma live no Facebook na noite desta quarta-feira, ao lado de Rodrigo Neves e de outros secretários municipais a rede municipal de Niterói conta, no Hospital Oceânico e no Hospital Municipal Carlos Tortelly - mostrado pelo prefeito na matéria da TV Globo - com 53 leitos de CTI para Covid-19. No momento há 18 pacientes com gravidade internados nessas duas unidades, representando uma taxa de ocupação de 34%, ou seja, ainda bem distante de um colapso.
O secretário também anunciou que nesta quarta-feira também foi firmado um convênio com o Hospital Universitário Antonio Pedro para a abertura de 18 leitos na unidade para pacientes com Covid-19. Destes, seis leitos serão de CTI, com respiradores.
Ao mostrar as fotos de uma enfermaria do Hospital Carlos Tortelly - destinada a casos de menor gravidade - completamente lotada, para enfatizar a necessidade da população manter o isolamento social, Rodrigo quis mostrar a escalada da busca por atendimento médico na cidade. Segundo ele, há três semanas atrás aquela unidade era procurada por 20 pacientes por dias. Hoje já são 90 pessoas que diariamente buscam atendimento ali.
Cidade fechada hoje
O aumento da demanda por atendimento hospitalar e a síntese da análise da situação apresentada por especialistas da UFF e da UFRJ embasaram a decisão de Rodrigo de restringir o acesso à cidade, que começa a valer nesta terça-feira. Além dos moradores, apenas trabalhadores de serviços essenciais que possam comprovar vínculo de trabalho com empresas de Niterói poderão passar pelas barreiras policiais, montadas nos principais acessos do município. Os empregados precisarão apresentar crachá, contracheque ou carteira de trabalho com o endereço do empregador em Niterói.
"Neste primeiro momento, nossa ação será de orientação do que será exigido mais à frente. Pessoas de outros municípios que não trabalham em serviços essenciais poderão ter a entrada negada na cidade. A adoção dessas medidas mais restritivas dependerá de avaliação do volume de redução alcançado nesta primeira etapa e da evolução dos casos de covid-19 em Niterói e nos municípios vizinhos", esclareceu o secretário municipal de Ordem Pública, Paulo Henrique de Moraes.
A circulação de ônibus intermunicipais foi reduzida a 30% da frota e foi proibida a entrada de táxis e carros de transporte por aplicativo de outros municípios. Essas medidas estão valendo até o dia 30.
Janela para serviços
Em contrapartida, o prefeito autorizou, a partir desta quinta-feira, uma janela para alguns serviços e comércios específicos poderem reabrir. Entre os dias 23 e 30 de abril poderão funcionar serviços médicos e odontológicos, fisioterapia, terapia, óticas, lojas de material hospitalar, atividades relacionadas à manutenção de eletrodomésticos e eletromecânicos, comércio de conserto de bicicletas e bancas de jornal.
Esses estabelecimentos deverão determinar providências para que não exista aglomeração em seus espaços, exigir o uso de máscaras e disponibilizar álcool em gel para que o serviço funcione de forma segura. A população pode denunciar irregularidades através do telefone 153, do Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp).
Comments