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Obituário: Alfredo Bosi, crítico literário

Por Márcia Pessanha*


Alfredo Bosi, uma das figuras mais importantes da Literatura Brasileira, despediu-se de sua vida terrena hoje, 07 de abril de 2021, deixando indeléveis marcas por onde passou e atuou. Crítico e historiador literário, ensaísta, professor, membro da Academia Brasileira de Letras, ocupante da Cadeira nº 12. Sua ausência será sentida por todos seus leitores, alunos e apreciadores da sua escrita e de seu pensar filosófico e humanista.

Alfredo Bosi

Intelectual engajado, apoiou as lutas pela redemocratização do país. Defensor dos princípios éticos, da liberdade de expressão e do meio ambiente, em especial da conservação de ecossistemas. Reconhecido também por sua militância social, cultural e educacional, com olhar atento para os excluídos, sempre combateu as desigualdades sociais. Cristão progressista, com ideias comunistas, possuía o dom de confluir a teoria com a prática.

Nasceu em São Paulo, no dia 26 de agosto de 1936, descendente de italianos. Formado em Letras Neolatinas pela USP. Estudou Filosofia do Renascimento e Estética na Universidade de Florença. Na década de 60, lecionou literatura Italiana na USP, defendendo teses, ainda inéditas, sobre a narrativa de Pirandello e a poesia de Leopardi. A partir de 70 dedicou-se ao ensino e à pesquisa nas áreas de Literatura e Cultura Brasileira.

Autor dos livros: História Concisa da Literatura Brasileira (1970); O Ser e o Tempo da Poesia” (1977), Prêmio APCA de 1977; Dialética da Colonização (1992), Prêmio Jabuti de 1993, Prêmio Casa Grande & Senzala de 1993 e Prêmio APCA de 1992; Machado de Assis: O Enigma do Olhar (1999), Prêmio Jabuti de 2000; Literatura e Resistência (2002); Brás Cubas em Três Versões Estudos Machadianos” (2006); e Ideologia e Contraideologia (2010), além de vários outros ensaios e artigos. Escreveu páginas icônicas sobre o Padre Antônio Vieira, Machado de Assis, Graciliano Ramos e estudos sobre o pensamento de Vico, Croce e outros do humanismo europeu e estudos clássicos sobre Carpeaux, Murilo Mendes, Drummond e outros conceituados escritores brasileiros.

Sua esposa Ecléa Bosi dedicou-lhe o poema Retrato, em que o define de forma poética: A fronte clara é uma flor aberta,/ flor espiritual, flor de silêncio./ Os ombros se encurvam/ para sustentar a pesada cabeça./ Mãos aéreas e precisas,/ dedos lapidados filtram a luz./ O rosto tem a força/ da fera que vai saltar;/ mas os olhos redondos e humilhados,/ represados por lentes,/ que altivo poder têm quando abaixados/ sob o peso das pálpebras severas!/ O andar das aves fluviais em terra,/ o corpo oscila e vai, caule indeciso,/ que sustém uma estrela distraída.

E com esses versos deixamos nossa saudação póstuma para Alfredo Bosi, que com suas mãos aéreas e precisas, dedos lapidados filtram a luz. Luz que não se apagará, no cenário da intelectualidade brasileira, pois continuará, em outra dimensão, a emitir seu brilho e a sobreviver nas inúmeras obras que deixou.


*Márcia Pessanha é Professora Doutora e integra as Academias Fluminense e Niteroiense de Letras

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