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Obituário: Gentil Moreira de Sousa, por Márcia Pessanha


N.R.: Entre as muitas perdas destes dias, seja por causa da pandemia de coronavírus ou da tristeza decorrente dela, que têm contribuído para apagar a luz do olhar de muitos dos nossos concidadãos, uma das mais sentidas aconteceu nesta segunda-feira cinzenta de julho. A morte, aos 92 anos, de Gentil Moreira de Sousa, que transformou a esquina das ruas Ator Paulo Gustavo (ex-Cel. Moreira César) e Presidente Backer, em Icaraí, onde está plantada a sua Confeitaria Beira-Mar, em um dos pontos mais queridos da cidade, entristece Niterói.

A morte de Gentil Moreira foi lamentada nesta segunda-feira pelas redes sociais por muitos niteroienses, entre eles o prefeito Axel Grael.

A pedido do TODA PALAVRA, a atual presidente do Elos Clube de Niterói, Márcia Pessanha, escreveu o obituário que se segue, no qual traça o perfil de um homem fascinante, que construiu não só um dos pilares do patrimônio gastronômico da cidade, mas que deixa uma história de tenacidade e sensibilidade como parte da grande contribuição da colônia portuguesa para Niterói. Márcia Pessanha foi também quem saudou o poeta Gentil Moreira em sua posse no Cenáculo Fluminense de Históira e Letras. (LAE)

 

Gentil Moreira de Sousa


Por Márcia Pessanha*


Encantou-se nesta segunda-feira, 19 de julho, o “fazedor de pães,” e o “fazedor de sonhos”, em poesia, Gentil Moreira de Sousa. Gentil no nome e na arte de viver, nasceu em 29 de julho de 1929, na cidade de Arouca, Portugal, filho de Adriano Teixeira de Sousa e Helena Moreira de Sousa. Chegou ao Brasil no dia 11 de maio de 1951, conforme cita nos versos: Fomos para o Brasil/ logo após a grande guerra/ num dia frio de abril/ e deixamos nossa terra. No Rio de Janeiro, fez o 1º e o 2º graus na Escola Técnica Ernani Cardoso.

Estabeleceu-se em Niterói, em 1958, no ramo de panificação, sendo proprietário e Diretor-Presidente da Beira-Mar Comestíveis Ltda. Venceu, mas batalhou para alcançar seus objetivos. Antes, foi balconista na Confeitaria Sorriso, em Niterói, e vendedor viajante da firma Fonseca Araújo Importação e Exportação no Rio de Janeiro. Assim, escreveu no poema "A nova terra": A imagem do imigrante /no país onde chegou/ às vezes não lhe garante/ modos de prosperar./Precisa trabalhar com afinco/ passar noites sem dormir/ naquele quarto apertado/ pra algo de seu possuir...

Casou-se com Clarice Pinto Quaresma de Sousa, e dessa união nasceram dois filhos: Eduardo Gentil Quaresma de Sousa e Maria Célia Quaresma de Sousa Naegle. Tornou-se avô e bisavô com muita alegria.

Defensor da cultura luso-brasileira, em 1982, adquiriu dupla nacionalidade. Arouca e Niterói se entrelaçaram em seus sentimentos telúricos. Gostava de escrever sobre sua terra, sua gente. Publicou: D’ Além Mar ao Porto Seguro, poesias, editoração do autor; e O Fazedor de Sonhos, E Tudo está vivo, Editora Parthenon; e outros.

Ocupou importantes cargos: Membro do Conselho Deliberativo e Vice-Presidente da Federação das Associações Portuguesas e Luso-Brasileiras; Sócio do Real Gabinete Português de Leitura; do Liceu Literário Português; do Clube Ginástico Português; Membro do Conselho Deliberativo e Diretor Superintendente da Associação Comercial e Industrial/RJ. Exerceu funções de Diretoria da Beneficiência Portuguesa de Niterói; Presidente do Centro da Comunidade Luso-Brasileira/RJ; Presidente do Elos Clube de Niterói; Diretor do Clube Português de Niterói; Vice-Presidente do Clube de Diretores Lojistas de Niterói; Conselheiro da FIRJAN, Leste Fluminense; Diretor da CIRJ-FIRJAN; Membro do Conselho das Comunidades Portuguesas, e Vice-Presidente do Cenáculo Fluminense de História e Letras.

Recebeu os títulos: Cidadão Niteroiense; Cidadão do Estado do Rio de Janeiro; Sócio Benemérito da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Niterói; Comendador da Ordem do Mérito Policial Militar, pelo Governo do Estado do Rio; Benemérito do Estado do Rio, dado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio.

Vida intensa, a do Sr. Gentil até hoje, aos 92 anos, quando partiu para uma outra dimensão, como diz nos versos: Acordei de um sonho lindo/ sonho sonhado dormindo. E será acolhido nos braços do Pai Eterno. E se, também, disse em seu livro que Tudo está vivo, para nós sua lembrança estará sempre presente, sempre viva em nossa memória afetiva, pois segundo Humberto de Campos, "a memória é um grande muro de fotografias, onde consagramos determinado espaço a cada criatura querida".


*Profª Doutora, Presidente do Elos Clube de Niterói


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