Pantanal se aproxima do ponto de não retorno
Uma pesquisa inédita, encomendada pelo WWF-Brasil e realizada pela empresa especializada ArcPlan, com financiamento do WWF-Japão, revela que o Pantanal enfrenta, desde 2019, o período mais seco nos últimos 40 anos. O estudo, divulgado na semana passada, prevê que a região passará este ano pela pior crise hídrica de sua história.
A diferença em relação a outras pesquisas baseadas em imagens de satélite é o uso de dados do satélite Planet. Nos primeiros quatro meses do ano, quando deveria ocorrer o ápice das inundações, a média de área coberta por água no Pantanal foi menor do que a do período de seca do ano passado, conforme revelaram os dados obtidos pelo Planet.
“Mesmo nos meses em que é esperado esse transbordamento, tão importante para a manutenção do sistema pantaneiro, ele não ocorreu”, alertam os cientistas.
Os resultados mostram que o bioma está cada vez mais seco, tornando-o mais vulnerável, aumentando as ameaças à sua biodiversidade, aos seus recursos naturais e ao modo de vida da população pantaneira.
A mudança no sistema de cheias, com prevalência das secas extremas, pode alterar de forma permanente todo o ecossistema. As consequências serão drásticas para a fauna e a flora e também para a economia local, que já começa a ser afetada pela falta de navegabilidade nos rios e com a perda da fauna.
Situação preocupante
O acúmulo dos processos de degradação — incluindo ações humanas com a construção de pontes, barragens, desmatamento e queimadas que agravam a seca — fazem a região se aproximar cada vez mais do ponto de não retorno. Ou seja, o Pantanal poderá perder a capacidade de se regenerar naturalmente.
Na Bacia do Alto Rio Paraguai, a estação chuvosa ocorre entre outubro e abril. Já a estação seca vai de maio a setembro. Porém, entre janeiro e abril de 2024, a média da área coberta por água foi de 400 mil hectares, em pleno período de cheias, abaixo da média de 440 mil hectares registrada na estação seca de 2023.
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