Pazuello tem 10 dias para responder o Exército

Cercado pela CPI da Covid, que o ameaça de prisão caso volte a mentir em seu depoimento nesta quarta-feira, e por um processo disciplinar aberto pelo comando do Exército após ter participado de um ato político no Rio de Janeiro, o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, encontra-se com um pé na reserva. Ele tem 10 dias para apresentar sua defesa por escrito ao Exército, e deve requerer sua ida para a reserva como forma de evitar mais desgaste público para a imagem da instituição.
O Exército Brasileiro notificou o general, na noite de segunda-feira (24), sobre a abertura de um processo disciplinar contra ele por sua participação na motociata comandada pelo presidente Jair Bolsonaro no Rio no último domingo. Pazuello esteve ao lado de Bolsonaro - ambos sem máscaras - e discursou em cima de um palanque. O ato político era contra as medidas de restrições sociais adotadas por governadores e prefeitos para tentar conter o avanço da Covid-19.
A instituição militar avalia alternativas para o general, como a possibilidade de ele ir para reserva. Outra punição seria o Alto Comando pedir a aposentadoria dele.
Entre a ala militar do governo, há um consenso de que deveria ser encaminhada uma "solução diplomática" para o caso. O ex-ministro pediria para ir para a reserva e sofreria apenas uma advertência por ter infringido o Estatuto dos Militares e o Regulamento Disciplinar do Exército que proíbem participação de militares da ativa em atos políticos.
Entre militares da ativa, porém, a defesa é de que Pazuello deve ser punido exemplarmente.
'Mau exemplo'
Para o ex-ministro da Secretaria de Governo de Bolsonaro, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, tanto o presidente da República quanto Pazuello desrespeitaram o Exército e são "um mau exemplo, que não pode ser seguido". Em sua rede social, o general da reserva escreveu que “o presidente e um militar da ativa mergulharem o Exército na política é irresponsável e perigoso”.
“DE SOLDADO A GENERAL TEM QUE SER AS MESMAS NORMAS E VALORES. O presidente e um militar da ativa mergulharem o Exército na política é irresponsável e perigoso. Desrespeitam a instituição. Um mau exemplo, que não pode ser seguido. PÉSSIMO PARA O BRASIL”, escreveu.
Comandante da PM sem máscara
O general Pazuello não foi o único militar que apareceu sem máscara no palanque ao lado de Bolsonaro. O Secretário da Polícia Miliar do Rio de Janeiro, coronel Rogério Figueredo, também marcou presença na manifestação. Sem máscara e fardado, o coronel da força auxiliar estadual posou para foto ao lado do presidente. A assessoria de imprensa da PM, citada pelo Globo, disse que o secretário estava com sua máscara na mão no momento da foto e que usou a proteção durante o ato público.
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